Always and Forever (English)
Registered by Mishka-bookworm on 9/20/2005
2 journalers for this copy...
recebido no correio na volta das férias!
muito, muito obrigado... vou ler e devolver o mais rapidamente possível.
muito, muito obrigado... vou ler e devolver o mais rapidamente possível.
hm... como é que vou dizer isto? :P
falaram-me muito da cathy kelly, e como fã da literatura irlandesa (embora não necessariamente da vertente chick lit, excepção feita à maggie o'farrell), achei que seria imperativo lê-la. e por isso, agradeço muito, muito à mishka o empréstimo.
mas a verdade é que não gostei de todo do livro. por vários motivos:
1. comecei logo a trepar paredes com o conceito de mãe que trabalha = mãe que não cuida. eu sou mãe trabalhadora (e antes era mãe desempregada, o que é bem pior...), e mesmo que não tivesse de o ser por motivos económicos, continuaria a trabalhar. é uma opção minha, que não se traduz por dar alimentos congelados ou não biológicos à minha filha nem por não brincar e passear com ela; antes pelo contrário: se estivesse o dia todo com ela, a não fazer mais nada senão o muito que faz quem opta por ficar com os filhos em casa, daria em maluca e em mãe amarga e frustrada. e que teria ela a ganhar com isso?! respeito e exijo que haja outras maneiras de se ser mãe... mas a cathy kelly não. todas as personagens consideram o trabalho fora de casa uma aberração - e, para cúmulo, nunca se sugere um happy ending que passe por alterações laborais ou por pais a desistir do trabalho para ficar com os filhos. pelo menos na ficção seria fácil... a menos que se queira passar uma ideia muito feroz acerca do que o uma mãe deve imperativamente ser.
2. do ponto de vista da construção de enredo e de personagens o resultado também não me pareceu famoso: a narrativa arrasta-se e na primeira referência a cada personagem sabemos logo porque é que ela ali está e o que é que lhe vai acontecer. as personagens são inconsistentes e os seus traços moldam-se à narrativa, em vez de ser ao contrário. e a própria linguagem é paupérrima, sem qualquer preocupação estética, e nem sequer grandes marcas do discurso local (que existem abundantemente, por exemplo, em roddy doyle e peter sheridan, para já não falar na marian keyes, a quem não pode ser negada a capacidade de conseguir fazer com que as personagens tenham um discurso vivo e realista)... o que já é chatito numa conversa de cabeleireiro, quanto mais num livro impresso (sobretudo quando uma das principais características da literatura irlandesa desde sempre é o jogo ousado com as palavras e as suas relações).
em suma: uma desilusão. mas agora já posso criticar com conhecimento de causa, é um facto :)
muito obrigado pela oportunidade. o livro segue pelo correio este fds.
bjs!!!!
falaram-me muito da cathy kelly, e como fã da literatura irlandesa (embora não necessariamente da vertente chick lit, excepção feita à maggie o'farrell), achei que seria imperativo lê-la. e por isso, agradeço muito, muito à mishka o empréstimo.
mas a verdade é que não gostei de todo do livro. por vários motivos:
1. comecei logo a trepar paredes com o conceito de mãe que trabalha = mãe que não cuida. eu sou mãe trabalhadora (e antes era mãe desempregada, o que é bem pior...), e mesmo que não tivesse de o ser por motivos económicos, continuaria a trabalhar. é uma opção minha, que não se traduz por dar alimentos congelados ou não biológicos à minha filha nem por não brincar e passear com ela; antes pelo contrário: se estivesse o dia todo com ela, a não fazer mais nada senão o muito que faz quem opta por ficar com os filhos em casa, daria em maluca e em mãe amarga e frustrada. e que teria ela a ganhar com isso?! respeito e exijo que haja outras maneiras de se ser mãe... mas a cathy kelly não. todas as personagens consideram o trabalho fora de casa uma aberração - e, para cúmulo, nunca se sugere um happy ending que passe por alterações laborais ou por pais a desistir do trabalho para ficar com os filhos. pelo menos na ficção seria fácil... a menos que se queira passar uma ideia muito feroz acerca do que o uma mãe deve imperativamente ser.
2. do ponto de vista da construção de enredo e de personagens o resultado também não me pareceu famoso: a narrativa arrasta-se e na primeira referência a cada personagem sabemos logo porque é que ela ali está e o que é que lhe vai acontecer. as personagens são inconsistentes e os seus traços moldam-se à narrativa, em vez de ser ao contrário. e a própria linguagem é paupérrima, sem qualquer preocupação estética, e nem sequer grandes marcas do discurso local (que existem abundantemente, por exemplo, em roddy doyle e peter sheridan, para já não falar na marian keyes, a quem não pode ser negada a capacidade de conseguir fazer com que as personagens tenham um discurso vivo e realista)... o que já é chatito numa conversa de cabeleireiro, quanto mais num livro impresso (sobretudo quando uma das principais características da literatura irlandesa desde sempre é o jogo ousado com as palavras e as suas relações).
em suma: uma desilusão. mas agora já posso criticar com conhecimento de causa, é um facto :)
muito obrigado pela oportunidade. o livro segue pelo correio este fds.
bjs!!!!