O rastro do Jaguar

Registered by TonyAlmeida of Vagos, Aveiro Portugal on 3/30/2009
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Journal Entry 1 by TonyAlmeida from Vagos, Aveiro Portugal on Monday, March 30, 2009
Estamos no virar do século XIX em Congonhas do Campo. Pereira, um antigo jornalista de origem portuguesa, revisita as suas memórias, que percorrem todo o conturbado período da segunda metade do século. Através do relato da sua viagem, Pereira, que deixara Paris com o seu grande amigo e companheiro Pierre, leva-nos a conhecer o Brasil em guerra com o vizinho Paraguai, no período mais decisivo da sua história. Uma guerra sangrenta que o Brasil trava ao lado da Argentina e do Uruguai e que, para Pereira e Pierre, será o momento decisivo das suas vidas. É também a guerra pelo espaço vital das populações índias que, humilhadas pela acomodação forçada às regras e vivências dos colonos, tentam recuperar a sua Terra Mítica onde o Mal não existe. É ainda a guerra travada por Pierre para se definir a si mesmo: índio, como o seu povo, ou europeu, tal como foi criado? Levado em criança por Auguste de Saint’ Hillaire do Brasil para França, descobre, já adulto, nas feições de dois índios presos, a chave para as suas raízes nunca explicadas. Raízes que vai encontrar nesse cruzamento do Rio da Prata onde brasileiros e paraguaios morrem aos milhares e os índios guarani lutam por uma terra onde possam de novo viver livres e em paz. Da França à Argentina, do Brasil ao Paraguai, do sertão nordestino aos planaltos do Sul do Brasil, Pereira relata-nos de uma forma empolgante e quase cinematográfica as grandes transformações que definiram a América do Sul. Pelo caminho, encontra o amor perfeito e Pierre a pátria a que, junto dos seus, pode chamar sua.

Baseado em factos verídicos e personagens reais, O Rastro do Jaguar é um fresco dos intensos choques culturais e sociais que marcaram o século XIX e a relação dos europeus com as suas antigas colónias agora independentes.

Journal Entry 2 by TonyAlmeida from Vagos, Aveiro Portugal on Monday, June 8, 2009
Tempo livre, sem nada para fazer nesse entretanto e, ainda por cima, não tinha um livro comigo! O que fazer? Comprar um. E assim foi. Deu-se a coincidência de, nesse dia, ter sido colocado nas livrarias este "O Rastro do Jaguar", vencedor do primeiro "Prémio Leya" (2008), galardão que eu desconhecia completamente. Gostei da sinopse e aliciou-me o facto de ser um romance histórico, géneros literário pelo qual tenho nutrido algum prazer em ler. Estavam, pois, reunidas as condições para comprar este livro.

O primeiro facto que ficou rapidamente evidente neste livro é que estava perante uma obra de grande pendor narrativo e, apesar de não ser um género de escrita que me alicie muito, o certo é que dei por mim a ler o livro com algum interesse. O autor constrói uma história que parte do facto do narrador principal pretender escrever sobre o seu amigo Pierre, e a procura que ele encetou para encontrar as suas raízes. Pierre era um índio brasileiro - muito provavelmente gurani - que foi levado ainda criança para a Europa, tendo tido uma educação militar e musical. Lutou ao lado do exército de Napoleão e tocou percussão na ópera Tannhäuser, de Wagner. Esta obra acabará por ser uma espécie de leitmotiv transversal a todo o livro: as evocações da memória de Pereira - o narrador - apoiam-se de uma forma ou de outra na grandeza e sumptuosidade desta obra wagneriana.

Uma certa sensação de vazio e de indefinição acerca das origens de Pierre, e a oportunidade que teve de encontrar uma ponta do véu que caia sobre o seu passado, empurra-o, juntamente com o Pereira, para o Brasil, numa altura em que o Brasil estava em luta armada contra o Paraguaia, naquele que viria a ser o conflito bélico ocorrido na América do Sul: A Guerra do Paraguai ou da Tríplice Aliança.

Aqui o autor se torna detalhado não só na descrição do conflito que opunha o Brasil, a Argentina e o Uruguai ao Paraguai, como também acompanhamos Pierre na sua guerra pessoal que visava a sobrevivência dos índios brasileiros, que viram os seus terrenos e o seu modo de vida aniquilados pelo Império do Brasil e pela Igreja. Assistimos à conversão de Pierre num verdadeiro guarani - O Jaguar - e ao seu dilema entre levar o seu povo à luta contra o opressor branco ou tentar procurar a tão almejada terra prometida dos guaranis.

Murilo Carvalho apresenta-nos, então, uma obra de leitura cativante que poderá pecar por se tornar aqui e ali por vezes excessiva no pormenor, mas que no global se revela um romance que vale mesmo a pena ler.

Quase me atrevo a dizer que é um livro de leitura imprescindível.

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