As Intermitências da Morte

by Jose Sarmago | Literature & Fiction |
ISBN: Global Overview for this book
Registered by anamae on 2/12/2006
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Journal Entry 1 by anamae on Sunday, February 12, 2006
EXCERTO DO LIVRO:

"(...) Precisamente, foi quando, distraído, olhava o peixinho vermelho que viera boquejar à tona da água e quando se perguntava, já menos distraído, desde há quanto tempo é que não a renovava, bem sabia o que queria dizer o peixe quando uma vez e outra subia a romper a delgadíssima película em que a água se confunde com o ar, foi precisamente nesse momento revelador que ao aprendiz de filósofo se lhe apresentou, nítida e nua, a questão que iria dar origem à apaixonante e acesa polémica que se conhece de toda a história deste país em que não se morre. Eis que o espírito que pairava sobre a água do aquário perguntou ao aprendiz de filósofo, Já pensaste se a morte será a mesma para todos os seres vivos, sejam eles animais, incluindo o ser humano, ou vegetais, incluindo a erva rasteira que se pisa e a sequoiadendron giganteum com os seus cem metros de altura, será a mesma morte que mata um homem que sabe que vai morrer, e um cavalo que nunca o saberá. E tornou a perguntar, Em que momento morreu o bicho-da-seda depois de se ter fechado no casulo e posto a tranca à porta, como foi possível ter nascido a vida de uma da morte da outra, a vida da borboleta da morte da lagarta, e serem o mesmo diferentemente, ou não morreu o bicho-da-seda porque está vivo na borboleta. O aprendiz de filósofo respondeu, O bicho-da-seda não morreu, a borboleta é que morrerá, depois de desovar, Já o sabia eu antes que tu tivesses nascido, disse o espírito que paira sobre as águas do aquário, o bicho-da-seda não morreu, dentro do casulo não ficou nenhum cadaver depois da borboleta ter saído, tu o disseste, um nasceu da morte do outro, Chama-se metamorfose, toda a gente sabe de que se trata, disse condescendente o aprendiz de filósofo, Aì está uma palavra que soa bem, cheia de ptomessas e certezas, dizes metamorfose e segues adiante, parece que não vez que as palavras são rótulos que se pegam às cousas, não são as cousas, nem sequer que nomes são na realidade os seus, porque os nomes que lhes deste não são mais do que isso, os nomes que lhes deste, Qual de nós dois é o filósofo, Nem eu nem tu, tu não passas de um aprendiz de filosofia, e eu apenas sou o espírito que paira sobre a água do aquário, Falávamos de morte, Não da morte, das mortes, perguntei por que razão não estão morrendo os seres humanos, e os outros animais, sim, por que razão a não-morte de uns não é a não-morte de outros, quando a este peixinho vermelho se lhe acabar a vida, e tenho que avisar-te que não tardará muito se não lhe mudares a água, serás tu capaz de reconhecer na morte dele aquela outra morte de que agora pareces estar a salvo, ignorando porquê, Antes, no tempo em que se morria, nas poucas vezes que me encontrei diante de pessoas que haviam falecido, nunca imaginei que a morte delas fosse a mesma de que um dia viria a morrer, Porque cada um de vós tem a sua própria morte, transporta-a consigo num lugar secreto desde que nasceu, ela pertence-te, tu pertences-lhe, E os animais e os vegetais, Suponho que com eles se passará o mesmo, Cada qual com a sua morte, Assim é, Então as mortes são muitas, tantas como os seres vivos que existiram, existem e existirão, De certo modo sim, Estás a contradizer-te, exclamou o aprendiz de filósofo, As mortes de cada um são mortes por assim dizer de vida limitada, subalternas, morrem com aquele a quem mataram, mas acima delas haverá outra morte maior, aquela que se ocupa do conjunto dos seres humanos desde o alvorecer da espécie, Há portanto uma hierarquia, Suponho que sim, E para os animais, desde o mais elementar protozoário à baleia azul, Também,E para os vegetais, desde o bacteriófito à sequóia gigante, esta citada antes em latim por causa do tamanho, Tanto quanto creio saber, o mesmo se passa com todos eles, Isto é, cada um com a sua morte própria, pessoal e intransmissível, Sim, E depois mais duas mortes gerais, uma para cada reino da natureza, Exacto, E acaba-se aí a distribuição hierarquica ads competencias delegadas por tânatos, perguntou o aprendiz de filósofo, Até onde a minha imaginação consegue chegar, ainda vejo uma outra morte, a suprema, Qual, Aquela que haverá de destruir o universo, essa que realmente merece o nome de morte, embora quando isso suceder já não se encontre ninguém aí para pronunciá-lo, o resto de que temos estado a falar não passa de pormenores ínfimos, de insignificancias.(...) E foi assim que a polémica começou. (...)"



Adorei este livro. Está escrito com um humor crítico indiscritível.

Journal Entry 2 by anamae on Tuesday, April 18, 2006
Bookring:

1-Shallot
2-SomethingSimple
3-sophias
4-celtinca






Regras do bookring:
1.Assim que receberes o livro, faz uma journal entry do mesmo para que seja possível "ver" onde ele está.
2.É dado como indicador o prazo de 1 mês para teres o livro em teu poder, mas podes lê-lo mais rapidamente ou mais lentamente, de acordo com o teu ritmo próprio. No caso de o teres muito mais tempo, vai-nos mantendo actualizados sobre isso para sabermos que não o tens esquecido na pilha do TBR.
3.Será ainda aconselhável entrares em contacto com o próximo leitor algumas páginas antes de terminares o livro, para lhe pedires o seu endereço e veres se é conveniente para a pessoa recebê-lo nessa altura ou se deseja ser passada mais para baixo na lista.
4.Após conclusão da sua leitura, faz outra journal entry com a opinião e a indicação do seu destino, ou seja, a quem vais enviá-lo.
5.Gostava que não escrevesses ou sublinhasses no próprio livro.
6.Se quiseres emprestar a alguém de fora do bookcrossing, não há problema, desde que registes aqui também esse facto, para não se perder o norte ao livro



Seguiu hoje ( dia 24/04/06) para Shallot. Peço desculpa por só ter enviado agora.
Boas leituras

Journal Entry 3 by Shallot from Lisboa - City, Lisboa (cidade) Portugal on Monday, May 1, 2006
Depois duma féritas, regressar a casa e ter este livro à espera é muito agradável mesmo! :D Obrigada Anamae

Journal Entry 4 by SomethingSimple from Cascais, Lisboa (distrito) Portugal on Tuesday, July 10, 2007
Mal posso acreditar! Este foi o primeiro bookring em que me inscrevi! Passado mais dum ano cá está ele nas minhas mãos;)
Assim que acabar o que estou a ler agora começo este.
Obrigado anamae

Journal Entry 5 by SomethingSimple from Cascais, Lisboa (distrito) Portugal on Monday, January 26, 2009
Se vergonha engordasse o planeta Terra não era suficientemente grande para mim. Peço muita desculpa por ter tido este livro comigo durante tanto tempo.

A leitura do "Intermitências da Morte" foi um verdadeiro prazer. Foi a terceira obra do Saramago que li e é mais um motivo paqra que queira continuar a ler a obra do nosso Nobel.

Gostei muito e recomendo vivamente.
ESpero que o livro siga a sua viagem e continue a dar prazer a quem encontrar no seu caminho.

Seguiu hoje para a celtinca.
Espero que gostes.

Muito oBrigado anamae ;)

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