A imprensa e o dever da verdade
1 journaler for this copy...
Elogio à lamparina
Rui Barbosa parece carregar o fardo de um homem além do seu tempo e aquém deste nosso, quando parte das grandes reivindicações que eram tema de seus escritos e suas palestras aparentemente já foi conquistada. A fala do começo do século passado, o tom febril de seus manifestos e a permanente insatisfação com o que presenciava no poder e nas relações políticas e sociais, ao mesmo tempo que ganham contorno de letra já ultrapassada, renascem sob a ótica de que pouco avançamos em termos reais.
Este relançado A imprensa e o dever da verdade, uma conferência de Barbosa de 1920, deve ser documento obrigatório não só para aqueles que acreditam ser possível tocar a verdade em algum ponto do trabalho jornalístico como àqueles que procuram um ponto de partida para entender que a origem da corrupção jornalística, da vacuidade discursiva e da incoerência entre o que se fala e o que se faz está radicalmente ligada ao modo como a identidade política e moral brasileira nasce.
Nos tempos da Primeira República, não havia os nossos Waldomiros, Collors de Mello, os trezentos picaretas e a esquizofrenia moral palaciana petista e sequer as complexas configurações dos grupos de mídia brasileiros, a relação com anunciantes, as leis de mercado e a preferência por meias-verdades à verdades factuais (para usar uma expressão do sempre lúcido Mino Carta). Mas, naqueles tempos, Rui Barbosa já tinha algo a dizer. Não só aos jornalistas de seu tempo, mas a todos aqueles que receberam, sem pedir, uma herança maldita: a conivência silenciosa com um jogo em que mal se conhecem as regras.
Em A imprensa e o dever da verdade, Rui Barbosa escreve que o jornalismo é “a vista da nação”. Nestes dias tão escuros, o velho teimoso faz um elogio à lamparina. Assim o breu não toma conta dos princípios.
Rui Barbosa parece carregar o fardo de um homem além do seu tempo e aquém deste nosso, quando parte das grandes reivindicações que eram tema de seus escritos e suas palestras aparentemente já foi conquistada. A fala do começo do século passado, o tom febril de seus manifestos e a permanente insatisfação com o que presenciava no poder e nas relações políticas e sociais, ao mesmo tempo que ganham contorno de letra já ultrapassada, renascem sob a ótica de que pouco avançamos em termos reais.
Este relançado A imprensa e o dever da verdade, uma conferência de Barbosa de 1920, deve ser documento obrigatório não só para aqueles que acreditam ser possível tocar a verdade em algum ponto do trabalho jornalístico como àqueles que procuram um ponto de partida para entender que a origem da corrupção jornalística, da vacuidade discursiva e da incoerência entre o que se fala e o que se faz está radicalmente ligada ao modo como a identidade política e moral brasileira nasce.
Nos tempos da Primeira República, não havia os nossos Waldomiros, Collors de Mello, os trezentos picaretas e a esquizofrenia moral palaciana petista e sequer as complexas configurações dos grupos de mídia brasileiros, a relação com anunciantes, as leis de mercado e a preferência por meias-verdades à verdades factuais (para usar uma expressão do sempre lúcido Mino Carta). Mas, naqueles tempos, Rui Barbosa já tinha algo a dizer. Não só aos jornalistas de seu tempo, mas a todos aqueles que receberam, sem pedir, uma herança maldita: a conivência silenciosa com um jogo em que mal se conhecem as regras.
Em A imprensa e o dever da verdade, Rui Barbosa escreve que o jornalismo é “a vista da nação”. Nestes dias tão escuros, o velho teimoso faz um elogio à lamparina. Assim o breu não toma conta dos princípios.