O Mito da Beleza (#)

by Naomi Wolf | Nonfiction |
ISBN: 0060512180 Global Overview for this book
Registered by Pauloca of Coimbra (cidade), Coimbra Portugal on 9/6/2004
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Journal Entry 1 by Pauloca from Coimbra (cidade), Coimbra Portugal on Monday, September 6, 2004
Faz parte da minha PC.
Emprestado à mfa.
Enviado hoje por correio.

Journal Entry 2 by mfa from Lisboa - City, Lisboa (cidade) Portugal on Sunday, December 19, 2004
já o recebi e li há uns meses - esqueci-me foi, pelos vistos, de o registar!
muitíssimo obrigado pelo empréstimo, pauloca.

Journal Entry 3 by mfa from Lisboa - City, Lisboa (cidade) Portugal on Sunday, December 19, 2004
artigo que escrevi sobre o livro para o www.canaldelivros.com [categoria «Alfarrabista]:

O Mito da Beleza é já um clássico do feminismo. O seu apelo por um ideal de beleza que exclua o sofrimento é um grito de guerra que ecoa há dez anos.

«Numa política sensual, ser mulher é bonito.» [p.295]

O Mito da Beleza, de Naomi Wolf, foi publicado em 1991 e traduzido para português em 1994. Considerado em toda a parte a obra inauguradora de uma terceira vaga de feminismo, pronta para analisar e batalhar pelas causas das mulheres dos anos 90 e seguintes, esta obra passou praticamente despercebida pelo mercado português. Urge inscrever nela a década que nos separa da sua génese, e dar ouvidos, antes que seja tarde, à sua mensagem lúcida e combativa.
Partindo do princípio que o feminismo radical da década de setenta («a segunda vaga», ou seja, a que se seguiu às sufragistas do início do século XX) se esgotou em termos de energia, mensagem e causas sem ter atingido o seu primordial objectivo emancipador, e que um novo alento é necessário para dar voz às mulheres da viragem do milénio, Naomi Wolf propõe-se lançar as bases desse movimento.
E fá-lo a partir da premissa de que a liberdade sexual e económica das mulheres acabou por deixá-las presas a uma nova forma de opressão, imposta socialmente não pelos homens mas por uma sociedade cuja sobrevivência nos moldes actuais depende de uma forte hegemonia masculina. A nova arma da misoginia é a insatisfação das mulheres perante o próprio corpo e o seu desenvolvimento natural – viciadas numa imagem irreal que lhes é imposta pela publicidade, pelos media, pela moda, pelas indústrias cosmética e farmacêutica e pela ideologia dominante, as mulheres de há dez anos (como as de hoje) vivem insatisfeitas com as suas proporções harmoniosas (grotescas quando comparadas com os silhuetas subnutridas de modelos e actrizes cujos corpos, em média, apresentam valores inferiores em 25% ao que seria natural e saudável num corpo feminino). A este flagelo Naomi Wolf chamou «o mito da beleza».
Inseguras e com a auto-estima em frangalhos, as mulheres reagem – consumindo (cremes, óleos, dietas, implantes, lipo-expirações, etc.). Ou matando-se à fome; o número de distúrbios alimentares continua a aumentar por todo o mundo, reduzindo à doença e à apatia milhares de mulheres, num triste paradoxo que parece transformar a opulência da parcela privilegiada do mundo em presa da mesma fome que assola o resto do planeta. Wolf propõe, por exemplo, que se considere a anorexia e a bulimia como doenças eminentemente sociais, e não o mero resultado de percursos individuais, e compara o comportamento obsessivo destas muitas mulheres com a entrega doentia às entranhas de uma qualquer seita religiosa (será a contagem das calorias o rosário da nova religião, e o culto da culpa um vestígio do cristianismo na teologia dos distúrbios alimentares?).
Das muitas formas de tortura a que as mulheres se entregam semi-voluntariamente, talvez a mais óbvia e absorvida seja a do culto da juventude. Às mulheres foi atribuído um prazo de validade – em termos estéticos, laborais, sexuais. Marcas físicas da maturação e alegrias (por exemplo, rugas de expressão – resultado, como diz Wolf, de uma vida inteira a sorrir – ou estrias de gravidez) são vistas como obscenas, e há que apagá-las a qualquer custo. As mais incríveis violências sobre o corpo das mulheres (desde o inocente arrancar do pelo pela raiz até a extracção violenta de matéria gorda vital ou a queimadura brutal de camadas saudáveis de pele facial) são vendidas como panaceia para uma doença maligna – viver, crescer e amadurecer.
Neste cenário, o que podem as mulheres esperar da sua sexualidade? Perpetuamente insatisfeitas com os seus corpos, envergando em ciclos intermináveis de fome e dietas voluntárias, sujeitas a técnicas de publicidade que expõem a sua intimidade em poses que tocam a pornografia (incentivando, em alguns casos, explicitamente a violência), incapazes de gostarem de si próprias, aparentemente condenadas à uniformidade das marcas e dos perfis publicitados… como podemos nós usufruir da liberdade sexual que herdámos do feminismo dos anos sessenta e setenta?
Em suma, a infelicidade e a angústia que muitas de nós aguentam em silêncio e auto-destruição têm causas sociais – e por isso é necessária uma nova vaga feminista: «Se o mito se tornou numa religião é porque nós, mulheres, sentimos falta de rituais que nos incluam; se se tornou num sistema económico, é porque ainda recebemos salários injustos; se passou a ser sinónimo de sexualidade, é porque a sexualidade feminina é ainda um continente desconhecido; se se traduz numa guerra, é porque nos são negados os meios de nos vermos como heroínas, intrépidas, estóicas e rebeldes; se corresponde à cultura das mulheres, é porque a cultura dos homens ainda nos oferece resistência. Quando reconhecermos que o mito se tornou poderoso porque se apossou de tudo quanto havia de melhor na consciência feminina, podemos voltar-lhe as costas para observarmos com clareza tudo quanto este tem vindo a tentar substituir.» [p.280]
Estarão estas questões tão usadas, gastas e ultrapassadas como nos querem fazer sentir depois dos 40 anos? A resposta parece-me clara; mas há que ter em conta uma década de evolução rápida em todo este processo. Como cruzar, por exemplo, os dados que nos fornece O Mito da Beleza em relação às mulheres insatisfeitas com o seu peso – 70% das americanas, contra um universo de apenas 30% de mulheres clinicamente obesas – com os crescentes números relativos ao crescimento da obesidade (com as respectivas consequências sobre a saúde) em toda a população do ocidente? Será possível cultivar um estilo de vida saudável sem se cair nas malhas do consumismo (da alimentação saudável, dos produtos naturais, do exercício físico transformado em vício)?
A mensagem de Wolf é, apesar deste diagnóstico, de esperança – às mulheres cumpre unirem-se. Longe da competição, da uniformidade e da tortura auto-infligida, espera-as um mundo de segurança, auto-estima e uma consequente vida afectiva e sexual mais plena e satisfatória. E que não restem dúvidas – no universo das relações heterossexuais os homens serão tão beneficiados com esta nova realidade como as mulheres. Ficam eles a ganhar, e «fica a ganhar a mulher que se dá a si própria, bem como às outras, a permissão de comer; de despertar interesse sexual; de envelhecer; de usar jardineiras, uma tiara de pedras falsas, um vestido de Balenciaga, uma estola em segunda mão, ou botas da tropa; de se tapar completamente ou sair praticamente nua; de fazer o que bem quiser, seguindo a sua própria opção estética ou ignorando-a. A mulher vencerá quando perceber que o que cada uma de nós faz com o seu próprio corpo – sem coacção, sem violência – é exclusivamente da sua responsabilidade.» [p. 295]
Desta utopia à espera que a transformemos em realidade a estética e a feminilidade fazem portanto parte em absoluto – mas cabe-nos a nós estabelecer o padrão do que queremos para nós, para a nossa vida e para os nossos corpos. Não parece óbvio?...

Ps: A tradução portuguesa de O Mito da Beleza chegou-me às mãos através do site www.bookcrossing.com. Sem a generosidade da Pauloca, que voluntariamente se ofereceu para me emprestar o livro, este artigo não teria sido possível.


Journal Entry 4 by NunoGuronsan from Agualva-Cacém, Lisboa (distrito) Portugal on Wednesday, March 23, 2005
Recebi-o hoje. Na verdade, inicialmente o livro não era para ser lido por mim (e sim por uma amiga minha), mas agora fiquei curioso.

Assim que o acabar, irá voltar para a Pauloca!

Journal Entry 5 by NunoGuronsan from Agualva-Cacém, Lisboa (distrito) Portugal on Monday, February 13, 2006
Bom, eis o problema de ter uma estante que vai acumulando e acumulando e acumulando. Terei que deixar esta leitura para outra altura, pois a Pauloca precisa dele e eu, com muita vergonha minha, ainda não o li.

Assim, aí vai ele de volta para a Pauloca. Até breve.

Journal Entry 6 by Pauloca from Coimbra (cidade), Coimbra Portugal on Friday, February 17, 2006
Obrigada Nuno.
Já o recebi há dois dias mas só hoje é que tive um minuto para registar o regresso a casa.

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