SINOPSE
Rami, casada há vinte anos com Tony, um alto funcionário da polícia, de quem tem vários filhos, descobre que o partilha com várias mulheres, com as quais ele constituiu outras famílias. O seu casamento, de «papel passado» e aliança no dedo, resume-se afinal a um irónico drama de que ela é apenas uma das personagens. Numa procura febril, Rami obriga-se a conhecer «as outras». O seu marido é um polígamo! Na via dolorosa que então começa, séculos de tradição e de costumes, a crueldade da vida e as diferenças abissais de cultura entre o norte e o sul da terra que é sua, esmagam-na. E só a sabedoria infinita que o sofrimento provoca lhe vai apontando o rumo num labirinto de emoções, de revelações, de contradições e perigosas ambiguidades. Poligamia e monogamia, que significado assumem? Cultura, institucionalização, hipocrisia, comodismo, convenção ou a condição natural de se ser humano, no quadro da inteligência e dos afectos? Paulina Chiziane estende-nos o fio de Ariadne e guia-nos com o desassombro, a perícia e a verdade de quem conhece o direito e o avesso da aventura de viver a vida. Niketche, dança de amor e erotismo, é um espelho em que nos vemos e revemos, mas no qual, seguramente, só alguns de nós admitirão reflectir-se.

CITAÇÃO
"Dizem que sou romancista e que fui a primeira mulher moçambicana a escrever um romance (Balada de Amor ao Vento, 1990), mas eu afirmo: sou contadora de estórias e não romancista. Escrevo livros com muitas estórias, estórias grandes e pequenas. Inspiro-me nos contos à volta da fogueira, minha primeira escola de arte." Paulina Chiziane

DADOS BIOGRÁFICOS
Nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou Linguística em Maputo, mas não concluiu o curso. Atualmente vive e trabalha na Zambézia. Ficcionista, publicou vários contos na imprensa (Domingo, na «Página Literária», e na revista Tempo). Publicou o seu primeiro romance, Balada de Amor ao Vento, depois da independência (1990), que é também o primeiro romance de uma mulher moçambicana. Ventos do Apocalipse, concluído em 1991, saiu em Maputo em 1995 como edição da autora e foi publicado pela Caminho em 1999. O Sétimo Juramento e Niketche foram publicados em Portugal em 2000 e 2002, respetivamente. Em 2014, recebeu o grau de Grande Oficial da Ordem Infante D. Henrique e em 2021 o prestigiado galardão das letras lusófonas, o Prémio Camões.

Registado para partilha.
Li este livro há décadas e já não o recordo bem, apenas de que gostei e que talvez gostasse de o reler um dia, pelo que foi ficando nas minhas estantes. Está na hora de ir conhecer novos leitores...
A recente atribuição do Prémio Camões é a oportunidade perfeita. Espero que gostem!

Inscritos:
-irus
-cometa54
-Maria-Nunes
-ladylouve
-MariaBarradas
- Arvores (desistiu)
- marialeitora (desistiu)
- ...
- volta a casa :)=> voltou!

Sinto-me envergonhada em nunca ter ouvido falar neste nome, antes da atribuição do Prémio Camões, mas maravilhada com tudo o que ouvi desta senhora, em entrevistas posteriores.

Estou ansiosa para pegar nele.

Que bela revelação. O livro encantou-me pela linguagem, mas sobretudo pela revelação dos contratempos (que não são difíceis de imaginar) e rituais (que desconhecia) associados à poligamia, assim como a postura em relação à sexualidade nas várias regiões de Moçambique.

É um livro muito feminista, na maneira como dá voz às mulheres e às injustiças de que são alvo. Tirando alguns ritos mais específicos, algumas das questões tanto de aplicam em África como em Trás-os-Montes, como em muitos países e regiões por esse mundo fora.

"Dediámos um tempo à comparação dos hábitos culturais de norte a sul. (...) Falámos dos mitos que aproximam as meninas do trabalho doméstico e afastam os homens do pilão, do fogo e da cozinha para não apanharem doenças sexuais, como esterilade e impotência. Dos hábitos alimentares que obrigam as mulheres a servir aos maridos os melhores nacos de carne, ficando para elas os ossos, as patas e o pescoço. Que culpam as mulheres de todos os infortúnios da natureza. Quando não chove, a culpa é delas. Quando há cheias, a culpa é delas..."

"Diz que aprendeu com as outras mulheres que a vida de uma mulher é agradar. Agradar até morrer, No amor é importante conjugar um verbo de posse: ter. Eu tenho um marido polígamo, embriagado, vagabundo, enlouquecido. Mas tenho."

Recebi o livro hoje (podia já cá estar, nunca se sabe).
Como é ring vou passá-lo para a frente , náo vá haver distracções.
Obrigada :)

Vai seguir para a Maria Nunes.
Obrigada

chegou hoje.
vou lê-lo assim que terminar o que estou a ler agora (que também é bookring)

Comecei a ler hoje

Gostei muito de ler este livro.
É impressionante - que mundos tão diferentes! Que vidas!
Muito, muito obrigada pela partilha.
Está reservado para seguir para a próxima pessoa da lista.

Entregue, em mão, à ladylouve na passada segunda feira (dia 23/05/2022)

Gostei imenso de como o livro coloca em oposição os valores feministas e as tradições locais, servindo tanto de elogio como de crítica. A linguagem é acessível e conseguimos realmente entrar dentro deste universo feminino africano, tão estranho para mim e aparentemente tão injusto. Um livro fantástico que recomendo!

Digo mais: https://naomeapeteceestudar.blogspot.com/2022/07/niketche.html

Desculpem ter ficado com ele tanto tempo, será entregue em mãos hoje à próxima leitora :)

Recebido em mãos na semana passada, já está a servir de companhia de férias. Obrigada pela partilha!

Adorei este livro. Das melhores leituras do ano até agora. A perspectiva da mulher que sofre, que se revolta mas que aceita é incrível, aliada a uma escrita muito clara e fluida encantaram-me.
Obrigada pela oportunidade. Espera indicações para voltar a casa.

Recebido ontem, em mãos, durante um encontro MUITO, MUITO agradável.
Obrigado, Maria e P.

Voltou a casa há já bem mais de mês, creio. Chegou, instalou-se de volta nas estantes e pronto... E eu esquecida de dar conta disso mesmo, ai, ai, ai.
Fico muito contente que tenha sido apreciado por quem o leu e obrigada a todos por os terem estimado. A ver se agora, um dia (pu um ano) destes lhe volto a pegar.