Paz Traz Paz
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SINOPSE
Da narradora d’O Livro do ano, aquela menina que carrega um jardim na cabeça e atira palavras aos pombos, chega-nos um novo diário com os seus pensamentos, inquietações, experiências e os sonhos de melhorar o mundo através de pequenos gestos ou actos heroicos, atacando o absurdo com o absurdo e a noite com canteiros de flores.
Páginas feitas de inusitada poesia, para leitores de todos os feitios. Até os normais.
FICHA TÉCNICA
ISBN: 9789896659080
Edição ou reimpressão: 10-2019
Editor: Companhia das Letras
Idioma: Português
Dimensões: 136 x 195 x 14 mm
Encadernação: Capa dura
Páginas: 128
Tipo de Produto: Livro
Classificação Temática: Livros em Português > Literatura > Romance
Zás-Trás-Pás! - interjeição usada em caso de pancada súbita ou queda rápida. Paz Traz Paz, cuja fonética é muito idêntica, também goza deste sopro forte nos dá uns quantos murros no estômago e nos leva, uma e outra vez, ao chão dos adultos. Paz Traz Paz é mais um belo livro de Afonso Cruz, de uma simplicidade que só pode ter dado muito trabalho a construir. Ou não. Talvez o autor não tenha abandonado a sua infância em terras áridas e, por isso, lhe seja tão natural dar a mão à criança que nunca se evadiu de si e transferir-lhe três superpoderes: capacidade de observação, inocência e esperança.
Paz Traz Paz é um diário não datado, escrito numa prosa coloquial, perfumada de poesia.
*** Spoliers ***
«Se só leres livros para crianças, não deixas de ser criança. Há muitas maneiras de o fazer, mas esta é a que prefiro: sair da infância a ler.» (pág. 9)
«(...) saí de casa com o meu pai para passearmos as nossas conversas.» (pág. 8)
«O Manuel tem oito (às vezes tem seis ou nove, nós não temos sempre a mesma idade, varia muito (...)» (pág.12)
«(...) há pessoas que quanto mais lêem mais sabem, outras que quanto mais lêem melhor sabem. E é essa a diferença entre saber e ser sábio. (...) entre uma enciclopédia e um filósofo.» (pág. 14)
«(...) há pedaços do mundo que se escondem nos objectos mais inesperados e humildes. (...) a cadeira da sala (...) não é só madeira e palhinha: era onde o meu tio se sentava.» (pág.16)
«Vi uma pedra que me pareceu uma pessoa. Acontece muito, mas ainda acontece mais o contrário.» (pág. 18)
«Era uma vez uma criança que queria fugir, sair de dentro dela. E, ao evadir-se, tornou-se adulta. Nem todas as histórias acabam bem.» (pág.26)
«Há adultos falhados porque abandonaram a sua infância num deserto qualquer.» (pág. 26)
«O ouro [para saber se é falso] testa-se com água régia, mistura de ácido clorídrico e ácido nítrico. para saber se um sorriso é falso, é preciso examinar as nossas costas e ver se não há facadas.» (pág. 28)
«Enquanto os pássaros batem as asas para voar, nós batemos o coração.» (pág.34)
«As pedras mais zangadas constroem muros.» (pág. 42)
«Sumptuoso é uma das minhas palavras favoritas. Descobri-a na boca da minha avó.» (pág. 48)
«Quantas pessoas são necessárias para que nos sintamos sozinhos?» (pág.64)
«(...) mesmo a luz, que é tão rápida, demora oito minutos a chegar do Sol à Terra, por isso a matéria que constrói o Universo, mais do que partículas subatómicas, é a paciência.» (pág. 66)
«Isso que leva no bolso é perigoso? Sim. Vicia? Sim. Afecta o cérebro? Sim. Gera perturbações emocionais? Sim.
Choro? Riso? Distorções espaciais e temporais? Sim. capa dura? Não, livro de bolso.» (pág.70)
«O sapo deu imediatamente um passo em frente. Era o que gostava mais de ajudar os outros. Os príncipes nem se mexeram.» (pág.79)
«Um adulto chegou, apontou, disse que eles não existiam, e ou dinossauros, coitados, tiveram de se esconder nas pedras a que chamamos fósseis. É muito difícil continuar a existir quando não acreditam em nós.» (pág. 84)
«(...) isto do coração ser feito de carne. Explica muita coisa. Alguns corações, tenho a certeza,até terão osso.» (pág.88)
«Gosto da maneira como o Ricardo me olha, aquela maneira estranha que dá a sensação de ser uma estrada cheia de curvas.» (pág. 94)
«No recreio, havia um bando de dúvidas a voar por cima de nós.» (pág. 95)
«Aos cães damos ossos, aos monstros damos medo. Crescem muito bem assim.» (pág.111)