Dentro do Segredo

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Journal Entry 1 by Cokas from Almada, Setúbal Portugal on Thursday, June 15, 2017
Sinopse

Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para a Formação de Adultos.


Desde o interior da ditadura mais repressiva do mundo, desde um país coberto por absoluto isolamento, Dentro do Segredo. Em abril de 2012, José Luís Peixoto foi um espectador privilegiado nas exuberantes comemorações do centenário do nascimento de Kim Il-sung, em Pyongyang, na Coreia do Norte.

Também nessa ocasião, participou na viagem mais extensa e longa que o governo norte-coreano autorizou nos últimos anos, tendo passado por todos os pontos simbólicos do país e do regime, mas também por algumas cidades e lugares que não recebiam visitantes estrangeiros há mais de sessenta anos.

A surpreendente estreia de José Luís Peixoto na literatura de viagens leva-nos através de um olhar inédito e fascinante ao quotidiano da sociedade mais fechada do mundo. Repleto de episódios memoráveis, num tom pessoal que chega a transcender o próprio género, Dentro do Segredo é um relato sobre o outro que, ao mesmo tempo, inevitavelmente, revela muito sobre nós próprios.


Journal Entry 2 by Cokas at Almada, Setúbal Portugal on Sunday, July 2, 2017

Este foi o primeiro livro de José Luís Peixote que li. Há um certo ar de rebeldia na sua figura que nunca me seduziu. Talvez os piercings ou as tatuagens, que não casam com a imagem clássica de escritor. A sua prosa, demasiado poética para o meu gosto, também não ajudou.

Só mergulhei Dentro do Segredo porque me garantiram tratar-se de literatura de viagens, algo que se distanciava de tudo o resto que o autor já escrevera.

Na verdade, cativou-me desde a primeira frase: «Eu entendia o ódio com que o guarda da alfândega me olhava». E quando nessa primeira página, o autor pondera a sua primeira impressão e nos diz que afinal não era ódio e sim disciplina, desconfiei logo de que também teria, a breve trecho, de redefinir a minha opinião sobre JLP.

Pelo olhar do autor, o leitor é conduzido através de uma Coreia do Norte fechada ao mundo que tenta mostrar-se aos visitantes como um país autossuficiente, de pessoas felizes, de trabalhadores satisfeitos, de crianças saudáveis, culturalmente rica, com muitos países amigos que lhe reconhecem o valor, a respeitam e a veneram.

Mas, o olhar de JLP não carrega o véu igual ao de todos os senhores Kim e meninas Kim. É um olhar atento e isento, que vê para lá do que lhe mostram e não se fecha perante a areia que lhe atiram à cara.

Desconhecia a existência do Comité Português de Estudo do Kimilsunismo e que o mesmo oferecera um conjunto das Caldas da Rainha, composto por uma terrina de sopa e respetivas tigelas em forma de couve, que se encontram na "grande" (é difícil não entrar no registo do ridículo...) Exposição da Amizade Cultural.

Assustador é o facto de toda a ajuda internacional que chega ao porto de Nampo ser traduzida à população como um tributo dos povos e governos internacionais como reconhecimento inequívoco das superiores qualidades dos líderes da Coreia. O que nos leva a imaginar todo um povo absurdamente maravilhado, a viver num género de bola de sabão, prestes a rebentar.

Há várias passagens inusitadas neste livro que casam bem com os piercings e tatuagens do autor. Talvez a melhor de todas seja a experiência musical de JLP quando, numa noite de karaoke em plena Coreia do Norte, canta Guns 'n Roses... " I don't need your civil war"! (pág.202)

Mas também a decisão rebelde de se fazer acompanhar do D. Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes, depois de saber que era proibida a entrada de qualquer material impresso na Coreia do Norte.

Ou o jogging matinal nas proximidades do hotel, que inteligentemente lhe permitiu observar mais do que lhe era permitido ver.

Um livro de 2012, extremamente atual. Assustadoramente atual.

*****

«A tensão, como tantas outras coisas, está em grande parte na pele de quem a sente.» (pág. 102)

«Guardamos os segredos ao lado de tudo o que não dizemos.» (pág. 136)

«A vida é tão efémera. A saúde é tão efémera. Estarmos aqui, em forma, mais ou menos contentes, a ler um livro, é tão transitório.» (pág. 158)

«Estava um nevoeiro que limpava as cores.» (pág. 186)

«A chuva não respeitava a fronteira. Chovia dos dois lados, ignorando os dramas e as mortes.» (pág. 192)

«Centenas de crianças tinham saído na véspera e centenas chegaram nessa mesma tarde.» (pág. 196)

« Mulheres sozinhas a fecharem a tarde.» (pág. 197)

«Uma fileira com dezenas de soldados a fazer chichi ao mesmo tempo: uma sucessão de sessenta ou setenta arcos de urina.» (197)

«Fui para os carrinhos de choque , onde persegui um militar de alta patente.» (pág. 202)

«Não se deve subestimar o valor de respirar fundo.» (pág. 232)


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