o remorso de baltazar serapião

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Journal Entry 1 by Cokas from Almada, Setúbal Portugal on Wednesday, June 4, 2014
A aventura de Baltazar Serapião em reboliço com os seus amores pela formosa Ermesinda, moça com quem vem a casar e por quem se atormenta de ciúmes. Este é um romance de família e de viagem, em que o estigma de se ter um nome parece explicar à sociedade quem se é e que intenções se têm. Um romance que é também uma aventura da linguagem, ficcionando um português antigo que, não o sendo de facto, cria a ilusão de estarmos ao tempo de uma idade média tardia, feita de alçapões morais e de uma brutalidade primária, sobretudo cometida contra as mulheres. Este livro ostenta a violência a que historicamente a mulher foi sendo sujeita por uma mentalidade machista dominante. Uma violência ainda sem redenção.

Journal Entry 2 by Cokas at Almada, Setúbal Portugal on Friday, June 13, 2014

A palavra remorso, no título, foi uma ilusão à qual me agarrei para não abandonar a leitura, sempre na esperança de que Baltazar Serapião tivesse alguma epifania e se rebelasse contra todos os seus atos. Ao longo do livro, nunca fui capaz de fazer as pazes com Baltazar. E se algum dó e compreensão se lhe assistiam de início, ambos fui transformando em desprezo.

Mas Baltazar não foi o meu único adversário neste ring de 256 páginas, onde, durante vinte e oito assaltos, tantos socos levei, tanto sangue cuspi, tantas vezes fui ao tapete. Na verdade, combati estoicamente contra as várias personagens que, todas elas embebidas pela mesma visão redutora das mulheres e concordantes na violência a aplicar-lhes, me iam atacando e desiludindo.

Contrariamente aos outros livros de Valter Hugo Mãe que já li, este não é uma semente de esperança que, por milagre, se agarra a terra infértil e, contrariando todas as probabilidades, faz rebentar um pé de felicidade. O Remorso de Baltazar Serapião é apenas mais uma pedra atirada ao sobrolho daqueles que não pactuam com mentalidades machistas.

E o que mais assusta neste livro, que tenta recriar um passado longínquo, é que ele continua tão atual. Porque todos os dias, há mulheres que se acomodam aos maus tratos, que desculpam a violência de que são alvo, que continuam a amar monstros, que se permitem morrer sem dignidade.

No que respeita ao estilo linguístico usado, parece-me tratar-se de um fascinante ensaio sobre a oralidade da idade média dos rituais pagãos. A escrita sem maiúsculas e a inexistência de pontuação exclamativa ou interrogativa faz-nos recuar a um tempo amorfo, a uma condição social precária, a um mundo monocromático. Estranha-se nas primeiras páginas mas rapidamente se incorpora, permitindo uma leitura fluida; até porque o discurso é coloquial.

Parabéns ao autor pela originalidade da forma e pela capacidade de me fazer sentir repugnância pelos personagens, cumprindo-se talvez desta forma o seu propósito de escrita deste romance.



Journal Entry 3 by Cokas at Almada, Setúbal Portugal on Thursday, December 11, 2014

Seguiu hoje, como oferta de Natal, para o meu muito querido Avenalve :)

Mais um autor português para a sua estante! :)

Feliz Natal!

Journal Entry 4 by avenalve at São Paulo, São Paulo Brazil on Monday, December 29, 2014
O livro chegou!!!
Obrigado, Cokas, pelo presente.

Journal Entry 5 by avenalve at São Paulo, São Paulo Brazil on Tuesday, July 14, 2015
Este foi o primeiro livro de valter hugo mãe que eu li. Antes havia lido um conto publicado numa coletânea de contos policiais. O texto tem algo de realismo fantástico, levei algum tempo para me acostumar com a linguagem quase arcaica. O tema principal é a dominação. do senhor feudal sobre os homens e dos homens sobre as mulheres.

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