Os Anagramas de Varsóvia

by Richar Zimler | Literature & Fiction |
ISBN: Global Overview for this book
Registered by conto of Lisboa (city), Lisboa (distrito) Portugal on 10/22/2009
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Journal Entry 1 by conto from Lisboa (city), Lisboa (distrito) Portugal on Thursday, October 22, 2009
Depois de "provocada" pela Cometa nesta thread, lá comprei o livro e lá o li em 3 ou 4 dias.

Gostei muito e, como diz a Cometa, faço minhas as palavras do tal Pedro Teixeira Neves que escreveu isto:

"Richard Zimler regressa aos escaparates literários com mais um romance, Os Anagramas de Varsóvia. Um excelente romance, desde já se assuma. Como pano de fundo temporal, a tenebrosa paisagem histórica do nazismo, focando-se o autor, desta feita, no período muito particular do ano de 1940. Na sua escrita, embrenhando-nos desde o início num enredo pleno de mistério, partimos ao encontro do viver e do respirar que se sentia no gueto de Varsóvia, capital polaca onde, ainda nos alvores da guerra, as hostes nazis encerraram, asfixiaram e humilharam quatrocentas mil pessoas forçadas a (sobre)viver em circunstâncias extremas. Trata-se, por conseguinte, por parte de Zimler, de um retomar do fio de uma meada ficcional que lhe é cara e recorrente (Zimler teve familiares no gueto e nos campos de concentração), bem como do repegar de vários aspectos que têm presidido ao seu labor criativo e narrativo. Em particular, o interesse votado à temática da errância judaica e à purga quase contínua que este povo sofreu ao longo da História, em traços gerais, a circunstância do Mal enquanto mal de vivre do ser humano. No mais, para além do carácter histórico que assiste ao romance, Zimler tece, com extrema minúcia e habilidade, um pano ficcional de cariz policial que vai servindo na perfeição ao agarrar do leitor, deixando-o em suspense até às páginas finais.

A história é-nos narrada por um sobrevivente do gueto chamado Heniek Corben, a quem terá sido relatada pelo protagonista Erik Cohen, um médico psiquiatra. Centrando-se no mistério e investigações em torno de uma série de macabros assassinatos de crianças no gueto – mortes invariavelmente embebidas em contornos de puro horror, pois os corpos surgem sempre mutilados de um, ou parte, dos seus membros –, Os Anagramas de Varsóvia é um livro cujo enredo ficcional, à imagem de todos os que se escrevem sobre uma tal temática, se vê ultrapassado, digamos assim, pelo impacto maior que sempre colhe a rememoração da vergonha humana perpetrada pelo Terceiro Reich. Não que Zimler não condimente o lado de ficção com credibilidade suficiente, pelo contrário, revela-se soberbo na gestão do evoluir dos pormenores e na elaboração do puzzle em torno dos crimes, apenas e tão-só que aquilo que, no meu entender, mais se cola à memória e o que mais brutaliza as emoções do leitor, é o plasmar da ambiência vivida no gueto, é o trazer-nos para dentro de uma atmosfera de perfídia e asfixia a que os judeus foram votados. Creio, de resto, ter sido esse um dos objectivos de Zimler. Outro, provavelmente, aquele de, e por oposição, revelar a faceta de resistência, de luta, de querer, de capacidade de sobrevivência que assiste ao Ser Humano.

Erik Cohen, a brilhante personagem criada pelo escritor, assume esse cariz heróico, de resistente, vestindo, por conseguinte, a pele da esperança; mesmo se diante das mais adversas circunstâncias, mesmo se aviltando pelo seu semelhante, mesmo se confrontado com o Homem esquecido de si mesmo, o Homem travestido a monstro, a máquina de morte, a servo da Besta. E contudo, contudo esta personagem apresenta-se a início do livro como «morta», um «homem morto». Explicação: mesmo tratando-se de um sobrevivente, qualquer um que tenha resistido aos campos da morte nazis de alguma forma morreu. Realista, brutal, cruel, doloroso, Os Anagramas de Varsóvia é um livro impiedoso, por vezes a espaços se confundindo com a malvadez que vai rememorando e esquartejando, de resto à imagem de Erik, que amiúde se revela cruel para com aqueles com quem partilha o ar que respira e a desafortunada desdita. No caso se Erik, como no de Zimler, nas suas opções, trata-se apenas de uma forma de luta – como que um «junta-te ao Mal para o entenderes e depois o denunciares»; dito de outra forma, o Mal tem que ser lembrado com todas as suas vísceras para que não seja esquecido, para que não sejam esquecidos aqueles que o sofreram na pele. O que não é de somenos importância numa época de memórias facilmente solúveis e ráveis branqueamentos históricos.

(...) A certa altura, o título do livro clarifica-se: no gueto, por uma questão de sobrevivência, os seus habitantes criam uma linguagem críptica e cifrada que só eles entendem. Os nomes, por exemplo, surgem como que do avesso, em anagramas. De outro modo, sobreviver pode até acontecer, pode até ser uma hipótese, mas esses, os sobreviventes, sabem que para tal aguentar será preciso inaugurar uma nova linguagem, tal como será necessário inaugurar tudo de novo, tal como será fundamental renascer. Talvez mesmo inventar um novo nome para Deus…

Ficção e não ficção dão neste livro as mãos para rubricarem um notável fresco histórico. O Homem, na sua miséria e grandeza, surge aqui desmontado à luz da História. Nada que o autor de O Último cabalista de Lisboa ou À Procura de Sana já antes não tivesse feito ou tentado pintar. Os Anagramas de Varsóvia junta-se assim a uma série de livros do autor que nesse sentido já apontavam: o tentar chegar ao âmago, ao osso, ao mais dentro do Ser Humano despindo-o nas suas perplexidades, interrogações e contradições. Literatura, em suma, de enorme qualidade, solidez e importância."


Já no fim do livro, Heniek, o sobrevivente da história, diz algumas daquelas "máximas" que deveríamos ter sempre presentes, apesar de óbvias mas de tão difícil real interiorização:
"Tento viver sem expectativas"
"Tento aceitar as pessoas como elas são"
"Tento festejar o facto de acordar todas as manhãs"
Tento aprender "a apreciar aquilo que os outros consideram um dado adquirido"
"Tento viver num mundo em que as pessoas mais calmas ganham todas as discussões".

Agora vai passar uns tempos a casa de Nin-guem ;-)

Journal Entry 2 by conto from Lisboa (city), Lisboa (distrito) Portugal on Sunday, January 10, 2010
Já voltou. Vou ver se o Arvores ainda o quer ou se espera o regresso dele "das Índias"! ;-)
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E segue caminho para a Índia (pena não ser eu!).

Journal Entry 3 by wingArvoreswing from Belmonte, Castelo Branco Portugal on Monday, January 18, 2010
Chegou, este super-simpático empréstimo da conto. Vai comigo até à Índia, um dos meus autores favoritos dos últimos tempos.
Ficarei à espera que a conto se transforme em conto (ou novela, romance ou whatever) para ver se vem também :)
Se ele vier um pouquinho estragado, perdoa-me, ok?
Beijinhos

Journal Entry 4 by wingArvoreswing at Viana do Castelo, Viana do Castelo Portugal on Monday, June 28, 2010
Este senhor tem o dom de me fazer chorar, confesso. Sabia que este livro iria mexer com as minhas emoções porque a Segunda Guerra e tudo o que a conjuga com a Polónia me interessa particularmente. Ainda não descobri porquê, mas é assim. Talvez por isso não tenha conseguido lê-lo na Índia; tinha muitas emoções para trabalhar por lá.

Depois de ter começado realmente a ler “Os Anagramas de Varsóvia”, não queria parar nem para comer. Além de ser um “thriller” muito bem construído, mostra-nos o interior dos guetos de Varsóvia com uma nitidez arrepiante.
Leio à procura de uma resposta, algo que me permita decifrar pelo menos uma parte do enigma. Mas não a encontro. Este tema atormentar-me-á sempre.

Adorei o personagem Izzy, a sua força, o seu amor pelo amigo Erik, o seu sentido de humor sempre presente, apesar das atrocidades sofridas diariamente. Gostei muito da forma como Zimler traz humanidade onde ela seria difícil de imaginar.

Continuo dentro do livro, mesmo depois de o ter acabado ao fim da tarde de ontem. E, tal como o “ibbur” de Erik, não sei quando sairei de lá.
Muito obrigado, conto. Lamento ter retido o livro durante tanto tempo, mas contigo sinto-me à vontade.
Beijos.

Journal Entry 5 by wingArvoreswing at Viana do Castelo, Viana do Castelo Portugal on Thursday, January 12, 2012
Atão?! O livro ainda não chegou a casa? Ando eu práqui a limpar o pó e dou com o ibbur do livro na minha estante virtual.
Ó conto, faz lá a JE do dito cujo, por favor. Ou será que ele ainda anda a viajar algures? ;)

Journal Entry 6 by conto at Lisboa - City, Lisboa (cidade) Portugal on Friday, January 13, 2012
Ai, ai, desculpa! Não senhor, não anda a viajar, está aqui muito 'sogadito' na minha estante (física).
Pronto, status actualizado! :)

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