Depois da conversa fascinante com o valter hugo mãe na 1ª Convenção Bookcrossing, corri hoje a comprar o livro que ele indicou para nos iniciarmos na sua obra. Estou cheia de curiosidade.

Duas mulheres-a-dias, Maria da Graça e Quitéria, o senhor Ferreira, patrão de Maria da Graça, reformado e culto, e um grupo de imigrantres ucranianos, constituem as personagens principais em torno das quais se desenrola a acção, situada em Bragança. As personagens são muitíssimo bem construídas, sólidas, convincentes e rotundas e ultrapassam, quanto a mim, o estereótipo da mulher-a-dias, se é que ele existe, ou a representatividade e metáfora das mulheres-a-dias deste país, daí discordar com o texto da contra-capa do livro. Muitíssimo bem escrito, este livro agarrou-se-me mesmo depois de lida a última página e continuo a pensar na Maria da Graça, com tantas ambiguidades, sempre entre o amor e a morte, na Quitéria, perdida de amores com o seu adónis ucraniano, no senhor Ferreira, afinal tão generoso em contradição com os abusos que infligia a Maria da Graça. Mais do que um livro sobre a situação precária dos trabalhadores, este é um livro sobre o amor e a morte.