A Cidadela Branca
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Orhan Pamuk
enviado à conto.
Já li este livro há quase dois meses, mas tenho andado com uma preguiça terrível para JEs! :-(
Não gostei por aí além, mas nem sei explicar porquê... acho que não cheguei a perceber a ideia ou o conceito por trás da história que, por sua vez, nada tem de particularmente interessante. Enfim, desapontou-me um bocado, dada a grande expectativa e não me deixou muita vontade de ler mais coisas do autor.
"Passado no século XVI, A Cidadela Branca conta a história de um estudante veneziano que navega para Nápoles quando é capturado pelos Turcos e feito prisioneiro em Istambul. O jovem aristocrata torna-se escravo do Mestre, um inventor muçulmano desejoso de aprender tudo sobre o Ocidente. A semelhança física entre os dois é assustadoramente real: dir-se-ia que são gémeos. O Mestre tenta transmitir todo o conhecimento científico que adquiriu com o escravo ao jovem Sultão mas este só se interessa por profecias e histórias de leões, sapos e lebres. A peste avança pela cidade e os dois homens são obrigados a ficar fechados em casa. É então que cada um começa a escrever desenfreadamente a sua auto-biografia. Entre os dois gera-se uma dependência mútua: o escravo recusa-se a dizer ao Mestre o que este deseja ouvir, levando-o ao desespero; o Mestre descobre que o escravo tem medo da peste e amedronta-o. Ao observar o Mestre, o escravo vê-se do exterior, como se fosse ele, e como se consegue observar a si próprio isso significa que é outro: «Tomei uma decisão: para me libertar, tinha de me persuadir de que aquela semelhança não era mais do que uma ilusão da minha memória, um erro desagradável que precisava de esquecer quanto antes». Há uma fusão de identidades numa tentativa confusa e algo desordenada de descoberta individual: «Nesse dia, vira o homem que eu precisava de vir a ser: agora pensava que ele viera a ser um homem como eu». A personalidade de cada um escapa para se confundir com a do outro. «Isto sou eu e aquilo é o mestre». Há espelhos, muitos espelhos, o que faz lembrar Borges e as intermináveis teias intricadas de sonhos e verdade. A Cidadela Branca é uma fábula sobre identidades: duas personagens procuram-se na tentativa de responderem à pergunta «Porque é que eu sou eu?».
No final, os dois homens acabam por trocar de identidade: o Mestre retoma a vida interrompida do escravo antes de ser apanhado e este continua a viver a vida do Mestre, ou seja, o escravo civilizado torna-se num bárbaro e o Mestre cruel e selvagem transforma-se num indivíduo culto. Um Turco e um Veneziano não são necessariamente pessoas diferentes e, por isso, podem facilmente assumir a personalidade do outro.
A Cidadela Branca, terceiro romance de Orhan Pamuk (Prémio Nobel da Literatura 2006), é apontado como a obra que afirmou o escritor turco internacionalmente. Comparado a escritores como Kafka, Nabokov, Proust, Borges ou Ítalo Calvino, Pamuk tenta edificar uma ponte entre o Ocidente e o Oriente. Segundo o autor, a ideia original d’ A Cidadela Branca é borgesiana e foi-lhe dada por Flaubert."
(retirado daqui: http://rascunho.iol.pt/critica.php?id=1011)
Não gostei por aí além, mas nem sei explicar porquê... acho que não cheguei a perceber a ideia ou o conceito por trás da história que, por sua vez, nada tem de particularmente interessante. Enfim, desapontou-me um bocado, dada a grande expectativa e não me deixou muita vontade de ler mais coisas do autor.
"Passado no século XVI, A Cidadela Branca conta a história de um estudante veneziano que navega para Nápoles quando é capturado pelos Turcos e feito prisioneiro em Istambul. O jovem aristocrata torna-se escravo do Mestre, um inventor muçulmano desejoso de aprender tudo sobre o Ocidente. A semelhança física entre os dois é assustadoramente real: dir-se-ia que são gémeos. O Mestre tenta transmitir todo o conhecimento científico que adquiriu com o escravo ao jovem Sultão mas este só se interessa por profecias e histórias de leões, sapos e lebres. A peste avança pela cidade e os dois homens são obrigados a ficar fechados em casa. É então que cada um começa a escrever desenfreadamente a sua auto-biografia. Entre os dois gera-se uma dependência mútua: o escravo recusa-se a dizer ao Mestre o que este deseja ouvir, levando-o ao desespero; o Mestre descobre que o escravo tem medo da peste e amedronta-o. Ao observar o Mestre, o escravo vê-se do exterior, como se fosse ele, e como se consegue observar a si próprio isso significa que é outro: «Tomei uma decisão: para me libertar, tinha de me persuadir de que aquela semelhança não era mais do que uma ilusão da minha memória, um erro desagradável que precisava de esquecer quanto antes». Há uma fusão de identidades numa tentativa confusa e algo desordenada de descoberta individual: «Nesse dia, vira o homem que eu precisava de vir a ser: agora pensava que ele viera a ser um homem como eu». A personalidade de cada um escapa para se confundir com a do outro. «Isto sou eu e aquilo é o mestre». Há espelhos, muitos espelhos, o que faz lembrar Borges e as intermináveis teias intricadas de sonhos e verdade. A Cidadela Branca é uma fábula sobre identidades: duas personagens procuram-se na tentativa de responderem à pergunta «Porque é que eu sou eu?».
No final, os dois homens acabam por trocar de identidade: o Mestre retoma a vida interrompida do escravo antes de ser apanhado e este continua a viver a vida do Mestre, ou seja, o escravo civilizado torna-se num bárbaro e o Mestre cruel e selvagem transforma-se num indivíduo culto. Um Turco e um Veneziano não são necessariamente pessoas diferentes e, por isso, podem facilmente assumir a personalidade do outro.
A Cidadela Branca, terceiro romance de Orhan Pamuk (Prémio Nobel da Literatura 2006), é apontado como a obra que afirmou o escritor turco internacionalmente. Comparado a escritores como Kafka, Nabokov, Proust, Borges ou Ítalo Calvino, Pamuk tenta edificar uma ponte entre o Ocidente e o Oriente. Segundo o autor, a ideia original d’ A Cidadela Branca é borgesiana e foi-lhe dada por Flaubert."
(retirado daqui: http://rascunho.iol.pt/critica.php?id=1011)