As Intermitências da Morte
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Journal Entry 1 by fungaga from Lisboa (city), Lisboa (distrito) Portugal on Wednesday, October 22, 2008
Vai seguir emprestado para o Jota-P, para ver se sacode o pó da espera.
Bem, só posso dizer que estou muito agradecido à fungaga por este amabilíssimo empréstimo. Será com grande prazer que irei mergulhar neste livro (espero que brevemente) e que depois virei aqui escrever da forma mais completa possível a minha humílima opinião sobre ele. A premissa parece-me extraordinária: "No dia seguinte ninguém morreu". Promete!
E já acabei de o ler. Tirando a primeira parte, julgo que este foi o melhor livro do Saramago que li nos últimos tempos. Ora vamos lá a uma opinião mais alargada...
Para começar, julgo que neste livro estão duas histórias, completamente distintas e que nada têm uma a ver com outra, a saber: a intermitência da morte durante 7 meses daquele ano (e tudo o que implica essa intermitência) e a história do violoncelista. Sem dúvida que a parte de que mais gostei foi esta última, uma vez que a primeira é demasiado confusa e desprovida de algum interesse, pelo menos para mim. É certo que é interessante alguma da crítica sarcástica à religião (especialmente a igreja católica apostólica romana, a icar, como a certa altura lhe chama o narrador) e à corrupção do Estado (através das suas ligações com a máphia), mas julgo que, no geral, essa primeira parte se perde demasiado com coisas desnecessárias, não se aproveitando da melhor forma algumas derivações que seria interessante desenvolver, como é o caso da eutanásia. Acho que a parábola do velho que pede para ser levado à fronteira para morrer poderia ser mais aprofundada e suscitar mais questões, tais como: será a eutanásia suicídio? será a eutanásia voluntária aceitável? etc. Julgo que nesta primeira parte, a forma irónica do que é narrado é sublime (Saramago é mestre nisso mesmo). Exemplos disso são as diversas reflexões do narrador, como as da pág.68: "Ainda que por mais do que legítima curisidade científica devamos perguntar-nos como poderiam sobreviver as duas partes separadas naqueles casos em que o estômago ficasse para um lado e os intestinos para o outro". É engraçado ver que o narrador nem sequer tenta explicar como. O narratário que resolva essa questão.
Depois temos a segunda parte, e essa sim, já me encheu completamente as medidas. Embora ache que não tem nada a ver com a primeira (pelo que não consigo perceber por que razão estão ambas as histórias no mesmo livro), gostei da personagem do violoncelista e da parábola que ele próprio encerra, a da imortalidade do artista (neste caso, um músico, embora se possa aplicar a qualquer outro tipo de pessoa que produza arte), o qual a morte não consegue fazer desparecer e a quem acaba por render homenagem. Está Saramago indirectamente a dizer que ele próprio vencerá a morte? Dúvidas não há de que este é um grande escritor, laureado com o Nobel, e um nome incontornável da literatura mundial.
Obrigado fungaga por este tão amável e agradável empréstimo.
Para começar, julgo que neste livro estão duas histórias, completamente distintas e que nada têm uma a ver com outra, a saber: a intermitência da morte durante 7 meses daquele ano (e tudo o que implica essa intermitência) e a história do violoncelista. Sem dúvida que a parte de que mais gostei foi esta última, uma vez que a primeira é demasiado confusa e desprovida de algum interesse, pelo menos para mim. É certo que é interessante alguma da crítica sarcástica à religião (especialmente a igreja católica apostólica romana, a icar, como a certa altura lhe chama o narrador) e à corrupção do Estado (através das suas ligações com a máphia), mas julgo que, no geral, essa primeira parte se perde demasiado com coisas desnecessárias, não se aproveitando da melhor forma algumas derivações que seria interessante desenvolver, como é o caso da eutanásia. Acho que a parábola do velho que pede para ser levado à fronteira para morrer poderia ser mais aprofundada e suscitar mais questões, tais como: será a eutanásia suicídio? será a eutanásia voluntária aceitável? etc. Julgo que nesta primeira parte, a forma irónica do que é narrado é sublime (Saramago é mestre nisso mesmo). Exemplos disso são as diversas reflexões do narrador, como as da pág.68: "Ainda que por mais do que legítima curisidade científica devamos perguntar-nos como poderiam sobreviver as duas partes separadas naqueles casos em que o estômago ficasse para um lado e os intestinos para o outro". É engraçado ver que o narrador nem sequer tenta explicar como. O narratário que resolva essa questão.
Depois temos a segunda parte, e essa sim, já me encheu completamente as medidas. Embora ache que não tem nada a ver com a primeira (pelo que não consigo perceber por que razão estão ambas as histórias no mesmo livro), gostei da personagem do violoncelista e da parábola que ele próprio encerra, a da imortalidade do artista (neste caso, um músico, embora se possa aplicar a qualquer outro tipo de pessoa que produza arte), o qual a morte não consegue fazer desparecer e a quem acaba por render homenagem. Está Saramago indirectamente a dizer que ele próprio vencerá a morte? Dúvidas não há de que este é um grande escritor, laureado com o Nobel, e um nome incontornável da literatura mundial.
Obrigado fungaga por este tão amável e agradável empréstimo.
O livro seguiu hoje de volta a casa. Mais uma vez obrigado fungaga por este empréstimo. Se quiseres ler algum livro da minha bookshelf, estás à vontade.
Journal Entry 5 by fungaga from Lisboa (city), Lisboa (distrito) Portugal on Wednesday, November 19, 2008
Cá está, inteirinho e sem mazelas, como na música do Rui Veloso. Sempre às ordens Jota-P. Não me vou esquecer da oferta da tua bookshelf, mas neste momento era imoral arranjar mais livros para ler...