O Corrupto e o Diabo
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Journal Entry 1 by conto from Lisboa (city), Lisboa (distrito) Portugal on Wednesday, December 26, 2007
Eis um livro de que não tinha ouvido falar e que achei delicioso pela forma mordaz e irónica como põe o dedo na ferida. Para além disso, tem uma capa fantástica! Foi uma oferta natalícia de NB (juntamente com o intemporal "Siddhartha").
Segundo José Miguel Júdice e em jeito de sinopse: "Desde Platão que os diálogos são uma excepcional forma de comunicação. E as parábolas, desde os Evangelhos, são usadas para transmitir preceitos morais. A ironia é a forma por excelência de concretizar a párabola, pois é das coisas sérias que nos devemos rir. Ridendo castigat morus, já diziam os romanos. Em O Corrupto e o Diabo, Paulo Morgado coloca o Diabo a dialogar com o Corrupto, usando a ironia de uma parábola para nos fazer perceber a corrupção e para nos mobilizar para lutar contra ela. O retrato que nos faz Paulo Morgado é do “corrupto português”, uma espécie de corrupto médio, pois os nossos corruptos não são muito sofisticados e brilhantes. Entre nós a corrupção nunca poderia ser considerada como uma arte. A corrupção é em Portugal considerada apenas como um crime de perigo: só é perigosa quando se é apanhado. O Diabo, esse, como convém a um anjo caído, revela a inteligência, a malícia, a frieza e a determinação que se espera. E o texto lê-se sempre com um sorriso nos lábios, um amargo na boca e uma revolta no peito. O que não é pouco. Até porque, aqui, toda a semelhança com a realidade não é pura coincidência."
Segundo o autor disse numa entrevista, o livro "apoia-se numa tese: só há duas formas de um incompetente atingir um lugar critico na sociedade, uma é por relações familiares, a outra por compadrio ou corrupção. O que o livro faz é pôr um corrupto em diálogo com o diabo e ao longo dos diálogos vê-se que o corrupto é relativamente incompetente. O livro identifica sete causas para a corrupção, que começa por causas culturais, o peso do Estado, o sistema judiciário, o financiamento partidário e outras causas. Uma vez, estando presentes estas causas é inevitável que haja fenómenos de corrupção".
Ainda assim, de novo e tristemente, este livro merecia uma boa revisão de texto (figura aparentemente desaparecida de todas as casas editoriais do país e de que a Dom Quixote me parece ser dos exemplos mais antigos e continuamente flagrantes!).
Para além de tais "pormenores", achei o texto por vezes denso (por exemplo na linguagem jurídica utilizada) para um diálogo que se apresenta muito "tu-cá-tu-lá" e outras excessivamente breve na abordagem a algumas questões.
Estes aspectos mais negativos não obstam, no entanto, ao prazer que esta leitura proporciona e que nos mantém de sorriso nos lábios quase permanentemente. Adorei o final com a intervenção de Maquiavel e Montesquieu a julgar o Diabo! ;-)
Segundo José Miguel Júdice e em jeito de sinopse: "Desde Platão que os diálogos são uma excepcional forma de comunicação. E as parábolas, desde os Evangelhos, são usadas para transmitir preceitos morais. A ironia é a forma por excelência de concretizar a párabola, pois é das coisas sérias que nos devemos rir. Ridendo castigat morus, já diziam os romanos. Em O Corrupto e o Diabo, Paulo Morgado coloca o Diabo a dialogar com o Corrupto, usando a ironia de uma parábola para nos fazer perceber a corrupção e para nos mobilizar para lutar contra ela. O retrato que nos faz Paulo Morgado é do “corrupto português”, uma espécie de corrupto médio, pois os nossos corruptos não são muito sofisticados e brilhantes. Entre nós a corrupção nunca poderia ser considerada como uma arte. A corrupção é em Portugal considerada apenas como um crime de perigo: só é perigosa quando se é apanhado. O Diabo, esse, como convém a um anjo caído, revela a inteligência, a malícia, a frieza e a determinação que se espera. E o texto lê-se sempre com um sorriso nos lábios, um amargo na boca e uma revolta no peito. O que não é pouco. Até porque, aqui, toda a semelhança com a realidade não é pura coincidência."
Segundo o autor disse numa entrevista, o livro "apoia-se numa tese: só há duas formas de um incompetente atingir um lugar critico na sociedade, uma é por relações familiares, a outra por compadrio ou corrupção. O que o livro faz é pôr um corrupto em diálogo com o diabo e ao longo dos diálogos vê-se que o corrupto é relativamente incompetente. O livro identifica sete causas para a corrupção, que começa por causas culturais, o peso do Estado, o sistema judiciário, o financiamento partidário e outras causas. Uma vez, estando presentes estas causas é inevitável que haja fenómenos de corrupção".
Ainda assim, de novo e tristemente, este livro merecia uma boa revisão de texto (figura aparentemente desaparecida de todas as casas editoriais do país e de que a Dom Quixote me parece ser dos exemplos mais antigos e continuamente flagrantes!).
Para além de tais "pormenores", achei o texto por vezes denso (por exemplo na linguagem jurídica utilizada) para um diálogo que se apresenta muito "tu-cá-tu-lá" e outras excessivamente breve na abordagem a algumas questões.
Estes aspectos mais negativos não obstam, no entanto, ao prazer que esta leitura proporciona e que nos mantém de sorriso nos lábios quase permanentemente. Adorei o final com a intervenção de Maquiavel e Montesquieu a julgar o Diabo! ;-)
Released 3 yrs ago (1/8/2021 UTC) at Lisboa (city), Lisboa (distrito) Portugal
CONTROLLED RELEASE NOTES:
Estava efectivamente mais que na hora de este livro ir à vida dele! :)
Retirado da "Bookbox Virtual que (já não) encolhe" da Nakipa pela marialeitora, vai seguir caminho e espero que não seja uma imensa desilusão.
Voltei a folheá-lo e já não lhe encontrei nem metade da piada que, aparentemente, a primeira leitura me suscitou. Talvez não dê para ser só folheado, espero que seja isso.
Seja como for... boas leituras!
Retirado da "Bookbox Virtual que (já não) encolhe" da Nakipa pela marialeitora, vai seguir caminho e espero que não seja uma imensa desilusão.
Voltei a folheá-lo e já não lhe encontrei nem metade da piada que, aparentemente, a primeira leitura me suscitou. Talvez não dê para ser só folheado, espero que seja isso.
Seja como for... boas leituras!
Já cá está! Obrigada