Penso que foi na revista do semanário Expresso que li sobre este livro o que me levou a comprá-lo assim que lhe pus a vista encima.

Trata-se de um estudo hipotético onde é feita uma análise sobre o que aconteceria no mundo se a Humanidade simplesmente desaparecesse. Assim, sem mais nada. A humanidade extinguia-se e deixava tudo para trás: casas, prédios, jardins... o que é que aconteceria depois? Será que o planeta recuperaria o seu equilíbrio? Ou será que a nossa marca na Terra é já tão profunda que haveriam consequências após o nosso desaparecimento?

Passadas quase 100 páginas sobre o início do livro, este estudo vai mais além do que imaginar um cenário pós-homo sapiens. É feito um retrato sobre a humanidade, descrita como uma "força da natureza" que tudo alterou, ao mesmo tempo que é lançado um alerta para o ténue equilíbrio em que vivemos no nosso planeta.

Mais olhos do que barriga, é o que é! Foram tantos os rings que entretanto recebi que este livro foi ficando para trás, para trás, para trááááás... e não é por ser chato, antes pelo contrário: na minha primeira leitura li muito mais de metade mas, a vontade de não querer deixar pendurados os compromissos que tinha assumido com a malta do BC, fez com que a leitura deste livro acaba-se por estagnar.

Assim, resolvi lê-lo agora, novamente do início, e desta vez até o fim.

Um bom livro que está longe de ser um excelente exercício especulativo sobre como se desenvolveria o mundo, em particular toda a biosfera, se de repente toda a espécie humana simplesmente desaparecesse da terra. Apenas uma condição para o "desaparecimento" de todas as pessoas: este não poderia ser apocalíptico, ou seja, todas as estruturas construídas pelo Homem ficariam intactas, sujeitas a todos os agentes climatéricos e ao desenvolvimento natural da flora e da fauna. O que aconteceria se, de facto, todos nós desaparecêssemos? Como resistiria a nossa casa, a nossa cidade? Um trabalho especulativo que é sustentado em exemplos bem reais que permitem fazer uma extrapolação para cenários maiores, e ainda corroborados por opiniões de vários especialistas.

Este exercício de imaginação é apenas o pretexto para uma análise mais profunda sobre o impacto da raça humana nas relações entre as diversas espécies do planeta. O Homem é, acima de tudo, visto como uma "força da Natureza", tal o seu impacto na biodiversidade planetária.

Ao longo de quatro secções o livro explora o que era o mundo antes de nós, o nosso impacto a medida que aumentámos em número ao ponto de nos tornarmos uma espécie dominadora e inteligente, e o que será do mundo se simplesmente desaparecêssemos. Quais as marcas que deixaríamos, como é que elas perdurariam e se é que elas perdurariam.

Um livro que nos mostra de certa forma a grandeza da espécie humana e como esta grandeza nos tem deixado cegos em relação ao mundo que nos rodeia. A última frase do livro encerra toda a visão nele apresentada: «Sem nós, a terra sobreviveria; sem ela, no entanto, nós não poderíamos sequer existir.»