"Querido leitor:
São horas de te receber no portaló da minha pequena Arca de Noé.~Tens sido de uma constância tão espontânea e tão pura a visitá-la, que é preciso que me liberte do medo de parecer ufano da obra e venha delicadamente cumprimentar-te uma vez ao menos. Não se pagam gentilezas com descortesias e eu sou instintivamente grato e correcto.
Este livro teve a boa fortuna de te agradar e isso encheu-me de júbilo. Escrevo para ti desde que comecei, sem te lisonjear, evidentemente, mas também sem ser insensivel às tuas reacções.
(...)
És, pois, dono como eu deste livro e, ao cumprimentar-te à entrada dele, nem pretendo sugerir-te que o leias com a luz da imaginação acesa, nem atrair o teu olhar para a penumbra da sua simbologia(...) Saudo-te apenas nesta alegria natural, contente por ter construído uma barcça onde a nossa condição se encontrou e, onde poderemos um dia, atravessar juntos o Letes que é, como sabes, um dos cinco rios do Inferno, cujas águas bebem as sombras, fazendo-as esquecer o passado.
Teu
Miguel Torga"

Este livro foi descoberto na arrecadação do meu pai, dentro de uma caixa. É a 7ª edição, tem as páginas amarelecidas pelo tempo e aquele cheiro agradável de livro antigo.

Histórias de bichos...
mostrando os bichos que somos, no meio de todos os bichos.

Gostei muito da liberdade de expressão do autor... e de muitos termos utilizados, mas não seria de esperar outra coisa dum livro editado nos anos 30/40. ;)

regressou a casa