À Espera de Moby Dick

by Nuno Amado | Literature & Fiction |
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Registered by Cokas of Almada, Setúbal Portugal on 9/11/2016
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Journal Entry 1 by Cokas from Almada, Setúbal Portugal on Sunday, September 11, 2016








SINOPSE

Um desgosto avassalador leva um lisboeta a refugiar-se numa enseada perdida dos Açores para cumprir um velho sonho: avistar baleias. Enquanto espera pela chegada dos gigantes marinhos, ocupa os dias naquele lugar dominado pelo ruído do oceano a tentar reencontrar-se e a escrever cartas para o seu melhor amigo, contando-lhe o fio dos seus dias no exílio, mas também para destinatários tão improváveis como o Instituto Nacional de Estatística, o boxeur português com mais derrotas acumuladas ou um guru de auto-ajuda de sucesso planetário.

À medida que o tempo passa, consegue vencer a solidão absoluta que impôs a si próprio e estabelece contacto com os seus poucos vizinhos, como um alemão bem-humorado, que todos os dias sai sozinho para o mar, e um casal de reformados oriundo do continente, que recebe cartas do filho dos mais variados lugares do mundo. Depressa descobre que, naquela enseada, todos têm qualquer coisa a esconder e nada é exactamente o que parece.

À Espera de Moby Dick é um romance grandioso e envolvente que nos fala do amor, da perda e da extraordinária capacidade de regeneração do ser humano perante as maiores adversidades.

O AUTOR

Nuno Amado nasceu em Lisboa, onde se licenciou em Psicologia Social e das Organizações e Psicologia Clínica. É doutorado em Psicologia do Desenvolvimento pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada/Universidade Nova.

Actualmente divide a sua actividade entre a prática clínica e o ensino, ocupando a posição de Professor Adjunto no Instituto Superior de Educação e Ciências. As suas actividades de investigação têm-lhe permitido publicar e participar em vários congressos científicos em Portugal e no estrangeiro. No nosso país, é pioneiro no estudo da Psicologia do Amor.

Diz-me a Verdade Sobre o Amor é o seu primeiro livro.


Journal Entry 2 by Cokas at Almada, Setúbal Portugal on Sunday, September 25, 2016


Comprei este livro por impulso, numa página de Facebook onde se realizam leilões periódicos de livros usados. Comprei porque tudo nele era apelativo - o título, a capa, a chancela de Prémio Personalidade da Literatura 2012 da Revista Lux, o preço, a sinopse consultada na internet e, por fim, o facto de o autor me ser estranho.

Ainda bem que o fiz pois trata-se de um livro que, apesar do tom coloquial introduzido pelas várias cartas que compõem cada capítulo, vai tornando-se cada vez mais complexo ao leitor, revelando as suas muitas camadas de exploração. Comparo a sua estrutura à da do interior da terra e a estória a uma peregrinação ao centro daquela, quase uma descida dolorosa ao mais fundo da perda e da dor para se conseguir ganhar o impulso necessário para a subida em busca de nova golfada de ar.

Na descida, há que "partir pedra", quebrar a crosta sólida e enfiar o corpo por entre as ranhuras que se vão criando, permitir que o mesmo se deforme para caber nos espaços exíguos e, com força e coragem, ir ganhando área à rocha; com persistência, chegar a uma galeria onde se recuperam forças e se limpam as feridas. Mas tal como na descontinuidade de Mohorovičić, a perceção de espaço é efémera e há que entrar no manto e continuar em frente; desbravando caminhos de maior densidade, ainda com mais convicção. Entrar no núcleo não é fácil, há que estar preparado para as correntes de convecção que nos tentam (de)mover. E há que suportar febres e delírios quando tudo está mais escuro e fervente à nossa volta. Mas é ali, naquela amálgama, que se esconde o elemento-chave - se nos abandonarmos naquele líquido não newtoniano, seremos consumidos por ele; mas se, ao invés, batermos com o pé no fundo, o ferro, mesmo fundido, servirá de trampolim para uma ascensão rápida e pacificadora, que nos permitirá voltar a respirar todos os perfumes da atmosfera.

À Espera de Moby Dick é, assim, um percurso (re)iniciático na vida de um homem quase perdido e ensina-nos que o Princípio de Le Chatelier também se aplica à química da vida - os fatores externos podem afetar-nos mas o nosso sistema tem todas as ferramentas para encontrar um novo estado de equilíbrio.

Gostei muito deste livro porque além do seu objetivo de recuperação humana num estilo contrário ao livros de auto-ajuda (que o autor tão bem descreve no capítulo XXIV, pág. 107!), incorpora uma estória interessante, com a dose certa de humor e suspense e aquele nonsense qb (por exemplo nas cartas ao Instituto Nacional de Estatística, capítulos XXIX, pág. 127, e IX, pág. 175).

Além disso, identifiquei-me com a confusão entre as nuvens e o algodão (pág. 164) uma vez que, aos 22 meses, de regresso a Portugal, deliciada com o espetáculo no exterior do avião, gritei: "Olha, vovô, tanto algodão!"

Por fim, uma nota às despedidas com que o nosso narrador termina as cartas ao seu amigo. Deliciosas! Que se pode desejar àquelas pessoas que nos servem de ponto de apoio, de âncora? «Pão estaladiço na (...) mesa e champôs com amaciador no (...) duche» (pág. 97), «pessoas que se sentam à (...) frente no cinema (...) sempre de baixa estatura» (pág. 66), «nunca deixes queimar as torradas» (pág. 209).


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«A vida é incerta. É uma das suas constantes.» (pág. 28)

«Menos uma obrigação para mim, mais um grau de liberdade.» (pág. 33)

«Só quem atravessou um deserto conhece o verdadeiro sabor da água.» (pág. 49)

«Um padre, um psiquiatra, um psicanalista falariam da falta de fé, desequilíbrio de serotonina, luto incompleto, e todos teriam razão. (...) Quem pode afirmar qual é a dor justa, a dor adequada, a dor suficiente para determinada ferida?» (pág. 58)

«A vida é uma amante partilhada e nunca possuída senão fugazmente.» (pág. 63)

«E se me torno fastidioso (...), esse é um problema teu. Com amizade o resolverás.» (pág. 66)

«E assim corre a vida e gira o cosmos.» (pág. 81)

«E tal parece-me verdade, a mim, o mais ateu dos religiosos, o mais religioso dos ateus.» (pág 87)

«Como dizia Salinger, a felicidade é um sólido mas a alegria é um líquido.» (pág. 88)

«O verão passou com a velocidade com que os verões alegres passam.» (pág. 88)

«Correr para a vida não é o mesmo que fugir da morte. Correr para escapar à sombra não +e o mesmo que correr para a luz.» (pág. 115)

«As conversas talvez sejam como o amor: só se encontram quando não se está à procura delas.» (pág. 155)

«Quem como eu faz da sua vida uma viagem cedo percebe que o tempo se divide em dois: a permanência e a deslocação.» (pá. 161)

«Não estava pronto para (...) desistir do jogo da passagem dos dias.» (pág. 180)

«Desde pequeno que vi numa sala de cinema, mesmo nas mais minúsculas, o lugar mais amplo do mundo.» (pág. 186)

«Suspensão da descrença é ser capaz de ver o super-homem voar sem pensar como é que ele voa?» (pág. 186)

«Sair de um filme é um pouco como nascer. Do escuro, de um mundo uterino que nos parece só nosso, sai-se para o caos de luz e gente, onde o sentimento de espaço e de tempo é diferente.» (pág. 186)

«O riso é a senha mágica para sair do desespero.» (pág. 201)

«Aos poucos vão regressando as larvas da melancolia.» (pág. 202)

«Cada pessoa com quem me cruzo na rua é um possível multiplicador de mim próprio. E eu sou um possível multiplicador de qualquer pessoa.» (pág. 242)


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