A Casa das Palavras

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Journal Entry 1 by Cokas from Almada, Setúbal Portugal on Friday, March 25, 2016

Sinopse

Construída com sensações e emoções, com ideias e pensamentos, com vivências e demais experiências, na "A Casa das Palavras" cabem a alegria e a dor, o amor e a paixão, a realidade e o sonho, a sempre eterna e humana esperança, havendo ainda lugar para a felicidade. E é isso que A casa das Palavras tem para oferecer aos leitores: um lugar de refúgio e abrigo para a vida, construído através dos melhores meios da poesia.



Disponível
Rede de Bibliotecas de Almada

Journal Entry 2 by Cokas at Almada, Setúbal Portugal on Friday, March 25, 2016

Num país de grandes poetas quase que parece mal assumir a ausência de uma veia que possa levar a poesia direta ao coração mas a verdade é que este não é um estilo literário que me seduza. Talvez por isso, estivesse reticente quando à exploração da obra de Miguel Almeida, professor de Filosofia com vários livros editados. Contudo, depois de ouvir, com deleite, alguns poemas seus serem declamados em encontros literários, não poderia escapar à inevitabilidade deste encontro, a sós, com a sua obra.

Iniciei, então, a minha caminhada pelo trilho de um livro de cerca de 150 páginas onde os poemas estão organizados por 10 temáticas (Arte, Origem, Criação, Cultivo, Palavras, Silêncios, Poema, Poesia, Ser Poeta, Como Poeta), ainda que todas elas sejam retas secantes à grande circunferência que é A Casa da Palavra, desdobrando-se no seu interior em infinitas cordas geométricas que vão estabelecendo, entre si, pontos de contacto indeléveis.

A estrutura é uniforme e revela toda a disciplina do autor - uma página para introdução, com a lista dos 10 poemas que compõem cada temática; a seguir, um conjunto 10 estrofes (compostas, cada uma, por 3 versos) destituídas de título, que eu interpretei como o preparar do terreno para a sementeira; e, por fim, os 10 poemas.

Mas não é só a disciplina do autor que salta à vista; também o seu sentido estético. Cada um dos 100 poemas tem uma forma geométrica própria, quase que um perfil genético. Olhar para um poema de Miguel Almeida é muito mais do que juntar os átomos-letras em moléculas-palavras e dar-lhes vida em células-frases; é, acima de tudo, olhar para um ser-poema vivo, com contornos próprios, e ler a mensagem do autor no seu fenótipo.

Do ponto de vista do conteúdo, está muito presente a formação de base do autor e, por isso, somos encaminhados para reflexões de cariz filosófico. O meu poema preferido (Num Bloco de Pedra) é testemunha disso:



«Num bloco de pedra
Pode estar
Uma bela escultura
Mas é preciso esculpir
Para a encontrar
E nessa escultura
Pode até estar a beleza
Mas para que possa aparecer
É preciso que exista alguém
Que seja capaz de a ver
Para a apreciar
E desfrutar.» (33)

Miguel Almeida também nos revela, naquela humildade própria dos poetas, a dura batalha que, por vezes, estes travam para arrancar, do fundo de si, um poema.

«Nos meus impulsos de escrita
Quantos projectos foram iniciados
E nunca chegaram a ser acabados?
(...)
Então sim! Mal ou bem
Por vezes sim - acontece
Encontro-me no meio da dispersão
Num verso ou num poema sem ambição
Ou ainda numa pequena história de ficção.» (65)

De salientar, também, o poema Não Leias Poemas, Palerma (108) e os seguintes versos:

«Atrás de mim
Caminha uma sombra
Que se alimenta do sol e de mim.» (126)

«Experiência única e singular,
A poesia existe nas palavras,
Que conquistam o seu lugar.» (54)

De facto, as palavras de Miguel Almeida conquistaram-me e fizeram de mim, também, a sua casa.




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