Morte na Pérsia
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Journal Entry 1 by conto from Lisboa (city), Lisboa (distrito) Portugal on Thursday, December 3, 2015
Prefácio de Carlos Vaz Marques:
"Annemarie Schwarzenbach foi, durante meio século, um dos segredos mais bem guardados da literatura europeia. Não que lhe tenham faltado os encómios e a atenção de escritores ilustres. Roger Martin du Gard referiu‑se ao seu «belo rosto de anjo inconsolável»; Thomas Mann (cujos filhos foram, a certa altura, os amigos mais chegados de Annemarie) descreveu‑a como um «anjo devastado»; Carson McCullers, que lhe dedicou o romance Reflexos nuns Olhos de Oiro, confessou: «Assim que a vi soube que o seu rosto me perseguiria para toda a vida.»
É verdade que lhe é mais salientada a imagem perturbante, de uma beleza andrógina e icónica, do que a força literária. Nem poderia ser de outro modo, provavelmente. A obra de Annemarie Schwarzenbach — nascida em Zurique, em 1908 — é, em grande medida, tragicamente póstuma.
Só no final dos anos oitenta do século xx se iniciou o processo de redescoberta de uma figura que encarna, de forma ímpar, um certo mal‑estar europeu. Foi esse mal-estar que tornou Annemarie Schwarzenbach uma viajante incansável. Portugal seria um dos seus pontos de passagem e era o destino que tinha escolhido para se fixar, como repórter, em plena Segunda Guerra Mundial, na altura em que uma queda de bicicleta a vitimou, aos 34 anos.
Seria, no entanto, o Médio Oriente o cenário que ela haveria de eleger como território privilegiado para uma deambulação angustiada, em busca de qualquer coisa que não saberá nunca definir com exactidão. A dependência da morfina e uma identidade sexual em confronto com o seu tempo e com as normas sociais vigentes na alta sociedade
suíça, onde nasceu, talvez ajudem a compreender o grito de permanente aflição que — recorrendo ao subterfúgio da segunda pessoa do singular para falar de si própria — a leva a exclamar, neste livro: «quando começaste a respirar, não foi ar que inspiraste, mas solidão».
Morte na Pérsia, livro escrito na primeira metade dos anos 30 mas que se manteria inédito até 1995, é um relato de viagens como nenhum outro. Annemarie parte para tentar escapar à ascensão alarmante do nazismo na Europa mas também à família, à infelicidade amorosa e à sua própria depressão. Empreende assim uma viagem (como acontecerá nas que há‑de fazer ao Afeganistão, por exemplo) em que se depara com a impossibilidade radical de fugir de si mesma. É isso que a levará a escrever: «Atrás de mim, na parede que deixava ouvir tudo, o medo escondia‑se numa brecha escura.» As paisagens persas adquirem as tonalidades da melancolia e da angústia da escritora, numa associação entre o sujeito e o mundo que o rodeia que talvez só tenha paralelo nos versos célebres de Verlaine (Il pleure dans mon coeur / Comme il pleut sur la ville), encontrando na chuva sobre a cidade o eco do seu próprio choro. É esta viagem, simultaneamente por estrada e pelos atalhos mais recônditos da alma humana, que faz de Morte na Pérsia um livro comovente."
Li este livro há sensivelmente um ano, numa preparação literária para a minha passagem por aquele país. É um livro estranho, melancólico e angustiado, com paisagens lindas como pano de fundo.
Um livro viajante em busca de um novo leitor. Quem será ele?
HO HO HO! Festas Felizes!
HO HO HO! Festas Felizes!
Óbalhamedeuzz, que delícia de presente! Tenho tanta curiosidade em conhecer esta autora! Muito obrigada, madrinha-Natal, fiquei mesmo feliz. Desejo-te tudinho de bom para 2016!
Fascinou-me mais a autora do que a sua escrita, embora tenha gostado do livro. Gostaria de saber mais sobre a vida desta mulher. O livro é triste, muito triste, e muito belo.
Journal Entry 6 by Marcenda at Estação de Carcavelos in Parede, Lisboa (distrito) Portugal on Friday, May 11, 2018
Released 5 yrs ago (5/11/2018 UTC) at Estação de Carcavelos in Parede, Lisboa (distrito) Portugal
WILD RELEASE NOTES:
Vou deixá-lo num banco da plataforma. Direcção Lisboa.