Sinopse

Sete escritores em roda livre inventam um romance alucinante.
Gonçalo, um professor de História, vê-se fechado no Palácio da Vila numa estranha sala pentagonal sem saída. Desmaia e, quando acorda, tem na mão uma chave que pode dar acesso a um tesouro antiquíssimo e desencadeia uma inquietante e movimentada aventura. Sob a presença da Serra da Lua, tão imponente como propícia ao mistério, o leitor vai cruzar-se com misteriosos encontros no poço esotérico da Quinta da Regaleira, viagens pela nossa História onde se encontram Templários e maçons, um satanista duvidoso, venenos instantâneos, amores oblíquos, uma intriga internacional, um assassinato inexplicável, e tudo o mais que adiante se verá. Este romance é acima de tudo um grande divertimento de sete escritores que se encontraram pelo puro prazer de inventar uma história e de escrever cada um a sua fatia com mestria e sem preconceitos.

Do mesmo grupo de autores, já tinha lido o Eça Agora, também escrito a 7 mãos. Os Novos Mistérios de Sintra suscitaram-me curiosidade mas vieram a revelar-se mais insípidos.

Apesar de tudo, percebe-se que por detrás de cada capítulo, espreita um bom escritor, com o seu estilo de expressão (é relativamente fácil identificar os capítulos escritos por mulheres), com interesses distintos (é óbvia a paixão por história em alguns capítulos) e convicções fortes (por exemplo, no capítulo X, há uma defesa da honra das professoras do ensino básico e secundário!).

Na minha opinião, o livro promete muito no primeiro capítulo e, apesar do ritmo frenético dos acontecimentos - que pauta também o ritmo de leitura -, esse fogo inicial perde-se numa história simplesmente lúdica. Mas o final, ou melhor, as quatro possibilidades de fecho da história, atenuam alguma desilusão que se possa ter sentido.

Resumidamente, temos um pai de família que desmaia numa sala do Palácio da Vila de Sintra. Acorda e apercebe-se de que se encontra numa sala sem escapatória, cuja única porta não é possível abrir. Visualiza, então, uma chave antiga que, ao se reanimar, percebe tê-la trazido consigo daquilo que só pode ter sido um delírio. Várias personagens entram em cena - a sua mulher, o melhor amigo, a mulher deste, um inspetor, entre outros - e o McGuffin desta história será sempre a chave e o tesouro que ela encerra.

Gostei particularmente dos finais 3 e 4, sendo que são diametralmente opostos!

Por último, lamento o falecimento da atriz e escritora Rosa Lobato de Faria. E imagino que, para o grupo, tenha sido uma perda muito sentida. Porque, nestes momentos de criatividade partilhada, criam-se cumplicidades que uma ausência definitiva torna irrecuperáveis.

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«não se assimila nada se o coração não está lá.»

«mais importante do que a mensagem verbal era o clima emotivo do discurso, angústia, medo, desconfiança»

«armazenava rancores para os fazer explodir mais tarde, na altura certa e eficaz, naquela bandeja onde se servem, geladas, as vinganças.»

«há portas que nunca devem ser franqueadas (...) há mistérios, e são tantos, que não devem ser devassados por simples curiosidades.»

«Por maior ou mais pequena que seja, uma casa tem alma.»

«por tendência, todos os homens são predadores»

«a vida devia ser sempre uma conta de somar e não de subtrair»

«só nos admiramos de que passem anos, séculos, milénios, e a vida mantenha o dom da originalidade.»

Libertado na Book Box virtual da irus :)

De vez em quando este titulo passava por mim a lembrar Sintra ( que adoro) e a lembrar O Mistério da Estrada de Sintra de Eça/Ramalho. E agora apareceu mesmo defronte...não tive hipótese. Foi " culpa" da Cokas :)