Incertezas do Coração

by Maggie O'Farrell | Literature & Fiction |
ISBN: Global Overview for this book
Registered by Cokas of Almada, Setúbal Portugal on 5/10/2015
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Journal Entry 1 by Cokas from Almada, Setúbal Portugal on Sunday, May 10, 2015
Considerada uma escritora revelação irlandesa, Maggie O' Farrell é autora de outros dois livros editados em Portugal: Depois de Tu Partires e O Estranho Desaparecimento de Esme Lennox (muito bom!!!).

Neste livro, o talento literário de Maggie volta a expressar-se sobretudo na construção de personagens marcadas pela riqueza de sentimentos que sustentam as relações humanas como a desilusão, os compromissos, o amor, a frustração e a procura pelo amor.

Escrito com mestria conduz-nos até à história de Lily, uma das protagonistas, que no momento em que conhece Marcus na abertura de uma galeria, sente-se de imediato atraída por ele, como só o magnetismo das grandes paixões pode provocar.

Correspondida no sentimento, Marcus convida Lily a visitar o seu luxuoso apartamento e logo num primeiro momento a dúvida instala-se: outra mulher, uma ex-namorada deixou marcas da sua passagem em toda a casa.

Inquieta, Lily acaba por ficar enredada nas teias do passado, transformando as suas reservas numa louca obsessão.

Journal Entry 2 by Cokas at Almada, Setúbal Portugal on Tuesday, May 26, 2015

Maggie O'Farrell é hábil na descrição dos quotidianos, verbalizando com mestria os detalhes da vida que, pela mecanicidade dos dias, vão escapando à atenção e, muito mais, à memória. É talvez por isso que cada vez que leio um livro seu me sinto exposta como ser humano e, em especial, como mulher.


Nos seus livros, os sentimentos enformam um meio visco-elástico sensível a tensões e estas vão provocando deformações elásticas e plásticas nos corações das personagens, sempre muito bem definidas pelas suas próprias ações.

Neste livro, existem dois triângulos amorosos. O primeiro é composto por Lily, Marcus e Sinead. Duas mulheres que, no momento em que as suas vidas se cruzam, giram, em spins opostos, em torno de um homem aparentemente arrebatador mas inseguro, impulsivo e inconsequente. O segundo triângulo é composto por Marcus, Sinead e Aidan. Dois homens que amam, pelas mesmas razões - ainda que de formas distintas -, uma mulher muito interessante, bonita e inteligente.

O livro está dividido em quatro partes. Numa primeira fase, a aproximação de Marcus e Lily e a sua obsessão com a ex-namorada daquele. Um relato impressionante de como um certo sexto sentido feminino e a fragilidade humana podem moldar a vida de uma pessoa e alimentar-se da sua dignidade, reduzindo-a consideravelmente. Na segunda parte, o recuar no tempo, a história de amor e desilusão contada na primeira pessoa, o testemunho de quem traz um cocktail de alegria e dor a rebentar no coração. Na terceira parte, a importância da construção sólida dos sentimentos e de um coração paciente. Mas também o instinto de sobrevivência. Por fim, na quarta parte, o inevitável the day after.

Os saltos temporais parecem-me todos muito bem conseguidos, sendo fácil acompanhar a história.

Gostei particularmente da referência a Portugal e das referências a alguns dos locais da China que já visitei - Guilin, com a sua paisagem montanhosa única ao longo do Rio Li; e Xian, com os seus guerreiros de terracota.

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«tudo já foi outra coisa qualquer, o presente é apenas o passado retificado.»

«os casais, como as células, têm uma espécie de barreira permeável entre si.»

«Daquela espécie de mulher que coleciona corações partidos.»

«Sabe a forma da palavra, é capaz de visualizar o objeto, mas as suas sílabas não se encontram no local onde normalmente estão.»

«toda a gente tem um passado(...) e as pessoas que não o têm não são suficientemente interessantes para nos preocuparmos com elas.»

«Foi um daqueles momentos raros e isolados da adolescência em que tudo é puro e entusiasmante, quando vislumbramos à nossa frente uma idade adulta que parece sem algemas, talentosa e a merecer o tempo de espera.»

«A mesa está desarrumada com os destroços do jantar»

«Ele não quer falar nisto, não quer verbalizar o assunto, porque até o fazer pode convencer-se a si próprio de que é uma ilusão, uma rasteira que o seu coração lhe está a pregar, que irá passar, que não é uma coisa que ele ou qualquer outra pessoa precise de levar a sério. Pode mantê-lo selado dentro de si e ninguém vai ficar a saber. ele não quer manchar este segredo deixando-o exposto ao oxigénio, à luz do Sol, ao escrutínio. Ele quer mantê-lo dobrado num local profundo e escuro para que ninguém tenha de saber. Mas esta coisa - seja lá o que for - enraizou-se sem ele se aperceber e está a espalhar os seus ramos flexíveis e sufocantes, para todos os recantos do seu ser.»


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