Na Rua das Lojas Escuras

by Patrick Modiano | Literature & Fiction |
ISBN: Global Overview for this book
Registered by Cokas of Almada, Setúbal Portugal on 12/6/2014
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Journal Entry 1 by Cokas from Almada, Setúbal Portugal on Saturday, December 6, 2014

«Deu-se então em mim uma espécie de estalido. O panorama que se avistava daquele quarto provocava-me um sentimento de inquietação, uma apreensão que eu já conhecera. Aquelas fachadas, aquela rua deserta, aquelas silhuetas de sentinela no crepúsculo perturbavam-me à maneira insidiosa de um perfume ou de uma canção outrora familiares. E tive a certeza de que muitas vezes, àquela mesma hora, ficava ali, imóvel, à espreita, sem fazer o mínimo gesto, sem ousar sequer acender a luz. Quando tornei a entrar na sala, julguei que já não havia lá ninguém, mas afinal estava a dona da casa estendida no banco de veludo. Dormia. Aproximei-me silenciosamente e sentei-me na outra ponta do banco. Uma bandeja com um bule e duas chávenas, no meio do tapete de lã branca. Tossi um pouco. Ela não acordou. Então, deitei chá nas duas chávenas. Estava frio.»

PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 2014
Patrick Modiano nasceu em Boulogne-Billancourt, nos arredores de Paris, em julho de 1945, e publicou o seu primeiro romance, La Place de l'Étoile, em 1968. Com Rue des boutiques obscures obteve, em 1978, o Prémio Goncourt. Em 1972, recebeu o Grande Prémio de Romance da Academia Francesa.
Considerado hoje um dos mais importantes escritores franceses, e autor de uma vasta obra, foi distinguido recentemente com o Grande Prémio Nacional das Letras e com o Prémio Margerite-Duras.

Journal Entry 2 by Cokas at Almada, Setúbal Portugal on Monday, December 8, 2014

Este livro conta a história de um homem que perdeu a sua memória e que caminha atrás do seu passado. Não corre, caminha; este é o ritmo de leitura que se tem ao lado de Patrick Modiano. Há urgências mas não há pressas. Como se estivéssemos a recuar perante um fio de Ariane.



Vamos, assim, acompanhando a incursão de Guy na sua própria vida, que ficou fechada num tempo que já nada lhe diz. Numa primeira fase, Guy tenta perceber quem foi e, nessa busca às cegas, acredita que pode ter sido várias pessoas. A partir de certa altura, consegue situar-se na sua própria história e, através das conversas que vai travando e das fotografias e documentos que vai recebendo, consegue aproximar-se da sua identidade mas esta nunca lhe chega a ser tangível.

Este livro não tem um final conclusivo, que encerre a estória para o protagonista, devolvendo-lhe a sua verdadeira identidade.

No entanto, há um momento anterior a esse derradeiro capítulo em que o livro poderia ter terminado para o leitor. Trata-se do momento em que recuamos até ao instante em que Guy provavelmente perdeu a memória, envolto por um manto branco. Porque para nós, chegar até ali é conhecer a história de Guy, sabê-lo íntegro. Para o leitor, descobrir se o seu verdadeiro nome é Pierre, Jean ou Louis já não tem qualquer importância.

Os livros de Patrick Modiano estão sempre envoltos num nevoeiro mais ou menos cerrado, que se vai dissipando lentamente mas que nunca subtrai o leitor à penumbra dos espaços e dos mistérios.



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