A Máquina de Fazer Espanhóis

by Valter Hugo Mãe | Literature & Fiction |
ISBN: 9789896720162 Global Overview for this book
Registered by Cokas of Almada, Setúbal Portugal on 8/13/2014
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Journal Entry 1 by Cokas from Almada, Setúbal Portugal on Wednesday, August 13, 2014

Livro disponível na rede de bibliotecas de Almada.

Sinopse:

Esta é a história de quem, no momento mais árido da vida, se surpreende com a manifestação ainda de uma alegria. Uma alegria complexa, até difícil de aceitar, mas que comprova a validade do ser humano até ao seu último segundo. a máquina de fazer espanhóis é uma aventura irónica, trágica e divertida, pela madura idade, que será uma maturidade diferente, um estádio de conhecimento outro no qual o indivíduo se repensa para reincidir ou mudar. O que mudará na vida de antónio silva, com oitenta e quatro anos, no dia em que violentamente o seu mundo se transforma? valter hugo mãe nasceu em Saurimo, Angola, no ano de 1971. Licenciado em Direito, pós-graduado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea. Vive em Vila do Conde. Publicou três romances: o apocalipse dos trabalhadores (2008), o remorso de Baltazar serapião, Prémio José Saramago (2006) e o nosso reino (2004). A sua obra poética está revista e reunida no volume folclore íntimo (2008). valter hugo mãe é vocalista do grupo musical Governo (www.myspace.com/ogoverno) e esporadicamente dedica-se às artes plásticas.

Journal Entry 2 by Cokas at Almada, Setúbal Portugal on Tuesday, September 2, 2014

Mentiria se dissesse que me é fácil entrar nos livros de Valter Hugo Mãe. Na verdade, preciso sempre de ler e reler as primeiras páginas, pousando e regressando várias vezes aos livros, como se o meu motor de arranque precisasse de ser oleado. Depois de algumas insistências, surge um qualquer pingo de lubrificação da leitura e, de repente, os seus livros tornam-se uma extensão de mim, não me conseguindo separar deles até à última página. A Máquina de Fazer Espanhóis, um dos livros mais brilhantes que já li, não fugiu à regra e, passado o primeiro capítulo, colou-se-me à pele!

O tema é simples - o falecimento de um cônjuge, a dor da perda, a ida para um lar e a adaptação a uma nova vida - mas a abordagem é uma faca afiada, ora encostada à nossa garganta, ora apontada ao nosso coração, ora arrancando botões e despindo-nos, expondo-nos aos nossos medos, obrigando-nos a lutar contra eles e, por fim, libertando-nos deles. Porque em todos os livros de Valter Hugo Mãe há uma mensagem de esperança, de reconciliação com o eu e o mundo.

Este é um livro sobre o sentido da vida. Mas também sobre a importância do amor e da amizade, e de como ambos nos podem salvar. Um livro sobre a sobrevivência a uma perda e de como essa resiliência pode ser tão importante.

Escrito sem maiúsculas ou travessões de diálogo, numa escrita corrida onde tropeçamos mais nos sentimentos do que na ausência dos aspetos formais, como "valter hugo mãe" já nos habituou ;)

***** alguns spoilers! *****

"era ainda pequena, como acho que somos todos para as coisas mais tristes."

"passei nenhum heroísmo senão o de ter chegado a velho e apaixonado (...)"

"a laura sepultada era exatamente igual aos outros que por ali abundavam. perdera a capacidade que tinha de se fazer naturalmente notar numa sala."

"aquela saudade benigna que já não quer magoar mas celebrar o passado."

"vale a pena viver apenas para fazermos a fotossíntese das tardes (...)"

"Pôr-me a jeito de tarefas com valor para os vivos em vez de desperdiçar o tempo a descontar para a morte."

"aquele tom doce que me punha diabético das ideias."

"não era preciso escola nenhuma, para além da erosão do tempo, para aprender uma injustiça humana daquelas."

"se algum anjo me vier buscar (...), cortem-lhe as asas, afoguem-no, mas não o deixem escapar comigo por aí acima."

"ainda somos um povo de caminhos salgados."

"uma sensação de impotência terrível, a de estarmos sentados numas cadeiras quietas, quietos, a sermos apanhados à bruta pela idade."

"nunca eu teria percebido a vulnerabilidade a que um homem chega perante outro. nunca teria percebido como um estranho nos pode pertencer, fazendo-nos falta."

"a vida tem de ser mais à deriva, mais ao acaso, porque quem se guarda de tudo foge de tudo."

"precisava deste resto de solidão para aprender sobre este resto de companhia. este resto de vida (...), que eu julguei já ser um excesso, uma aberração, deu-me estes amigos. e eu que nunca percebi a amizade, nunca esperei nada da solidariedade (...)"

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