Autismo
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"E de repente, como que do nada, aparece um livro tremendo, brutal de tão honesto, sobre um casal que descobre, no filho, os sinais de uma doença que o isola do mundo e do afecto dos pais. Inspirado na sua própria experiência, "Autismo" revela um autor capaz de tocar nas feridas humanas mais fundas, sem cair no sentimentalismo, e de reflectir o mau estar de toda uma geração."
enviado à Maria Leitora- RABCK de Primavera
Chegou! Muito obrigada :)
Gostei tanto, tanto deste livro. Conhecia alguns contos do Valério Romão e sempre gostei da forma como escreve mas não imaginei que este livro fosse tão sensível, tão conhecedor do tema ( o autor tem um filho autista) e tão cativante. O casal que está em negação em relação à doença do filho e, de repente a revelação avassaladora: «Eu acho que o Henrique é ...
Faltava só uma palavra, era o parto ao contrário, já tinha saído o corpo todo e faltava unicamente a cabeça da frase, o cérebro da frase, o complemento que dava o significado integral à frase e Rogério, como um carro que desaprendesse de arrancar à primeira, soluçava num martírio solitário as sílabas até que a frase, gradualmente, fosse na cabeça só som, perdesse o contorno do significado e fosse apenas a música aleatória que as consoantes fazem quando se acasalam com algumas vogais selectivas e Marta, do seu lado, esperava pelo fim da frase com os pés bem calcados no soalho do carro, com as mãos a agarrarem os estofos com a força possível, como todo o corpo eriçado como um gato a quem quisessem tirar da caixa no veterinário.
O Henrique, Marta, eu acho que ele é autista.» Muito bom!
Faltava só uma palavra, era o parto ao contrário, já tinha saído o corpo todo e faltava unicamente a cabeça da frase, o cérebro da frase, o complemento que dava o significado integral à frase e Rogério, como um carro que desaprendesse de arrancar à primeira, soluçava num martírio solitário as sílabas até que a frase, gradualmente, fosse na cabeça só som, perdesse o contorno do significado e fosse apenas a música aleatória que as consoantes fazem quando se acasalam com algumas vogais selectivas e Marta, do seu lado, esperava pelo fim da frase com os pés bem calcados no soalho do carro, com as mãos a agarrarem os estofos com a força possível, como todo o corpo eriçado como um gato a quem quisessem tirar da caixa no veterinário.
O Henrique, Marta, eu acho que ele é autista.» Muito bom!