Canções Mexicanas
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A obra é uma ficção fragmentária sobre um homem inquieto que mergulha numa cidade que "não tem rios de água mas sim de gente", onde as crianças mandam e os adultos obedecem, onde as casas e as ruas perdem as fronteiras.
Como diz José Mário Silva:
"A Cidade do México tem, sobre o narrador destas histórias curtas e oníricas, um efeito semelhante ao da tarantela, esse ritual das pessoas que foram picadas por uma aranha venenosa e têm de dançar para não morrer. É isso que a prosa de Tavares faz: dança para não morrer, cura-se pelo movimento, segue o fluxo das multidões («não há rua, não se vê o chão, se olhas para baixo és empurrado, se olhas para cima és empurrado»), os textos correm, saltam, tropeçam, tentam escapar para longe dos bairros tenebrosos onde o fio de uma navalha espera o turista incauto, o estrangeiro vulnerável. Enquanto isso, na praça central, muito lentamente, ano após ano, milímetro a milímetro, a catedral vai sendo engolida pelo solo, «enterrada como um vivo que enquanto caminha se afunda». Algo que também acontece a todos nós – e só «não o notamos porque é no tempo, não no espaço».
Aqui tudo é estranho, tudo é excessivo. Numa ponta da cidade, esconde-se o homem mais feliz do mundo, «um passo antes de começar o inferno». Há ameaças brutais («se gritas, cortam-te a cabeça»), uma Maldade que é nome próprio (da dona de um tugúrio onde se organizam combates de galos), há crianças que se alimentam de ódio, há marginais, anões, pedintes, hordas de loucos, metafísicos cavalos de Quixote (sem Quixote), matilhas de cães esfomeados, há uma prostituta que pergunta pelo «plano de viagem» do cliente e lhe pede que beije os pés de um crucifixo, há pedradas que rasgam um ecrã de cinema, suicidas que não conseguem morrer e reincidem.
Ao captar o avesso do México exótico, Gonçalo M. Tavares experimenta novos caminhos para a sua escrita, descentrando-a da matriz original (mais controlada e europeia), mas nunca perdendo a identidade."
Mas eu? Eu não gostei, apesar de lhe reconhecer o mais do que óbvio bem escrever e brilhantismo inerente. Trata-se de um conjunto de textos que se assemelham a deambulações por um estranho cérebro mas com "sotaque" mexicano, o que não deixa de me apelar aos sentidos de alguma forma também ela estranha.
Enfim, como com Jerusalém, o único dele que já li, não consegui parar de ler mas não consegui gostar.
Como diz José Mário Silva:
"A Cidade do México tem, sobre o narrador destas histórias curtas e oníricas, um efeito semelhante ao da tarantela, esse ritual das pessoas que foram picadas por uma aranha venenosa e têm de dançar para não morrer. É isso que a prosa de Tavares faz: dança para não morrer, cura-se pelo movimento, segue o fluxo das multidões («não há rua, não se vê o chão, se olhas para baixo és empurrado, se olhas para cima és empurrado»), os textos correm, saltam, tropeçam, tentam escapar para longe dos bairros tenebrosos onde o fio de uma navalha espera o turista incauto, o estrangeiro vulnerável. Enquanto isso, na praça central, muito lentamente, ano após ano, milímetro a milímetro, a catedral vai sendo engolida pelo solo, «enterrada como um vivo que enquanto caminha se afunda». Algo que também acontece a todos nós – e só «não o notamos porque é no tempo, não no espaço».
Aqui tudo é estranho, tudo é excessivo. Numa ponta da cidade, esconde-se o homem mais feliz do mundo, «um passo antes de começar o inferno». Há ameaças brutais («se gritas, cortam-te a cabeça»), uma Maldade que é nome próprio (da dona de um tugúrio onde se organizam combates de galos), há crianças que se alimentam de ódio, há marginais, anões, pedintes, hordas de loucos, metafísicos cavalos de Quixote (sem Quixote), matilhas de cães esfomeados, há uma prostituta que pergunta pelo «plano de viagem» do cliente e lhe pede que beije os pés de um crucifixo, há pedradas que rasgam um ecrã de cinema, suicidas que não conseguem morrer e reincidem.
Ao captar o avesso do México exótico, Gonçalo M. Tavares experimenta novos caminhos para a sua escrita, descentrando-a da matriz original (mais controlada e europeia), mas nunca perdendo a identidade."
Mas eu? Eu não gostei, apesar de lhe reconhecer o mais do que óbvio bem escrever e brilhantismo inerente. Trata-se de um conjunto de textos que se assemelham a deambulações por um estranho cérebro mas com "sotaque" mexicano, o que não deixa de me apelar aos sentidos de alguma forma também ela estranha.
Enfim, como com Jerusalém, o único dele que já li, não consegui parar de ler mas não consegui gostar.
Released 10 yrs ago (7/25/2013 UTC) at Lisboa - City, Lisboa (cidade) Portugal
CONTROLLED RELEASE NOTES:
E vai seguir para outras prateleiras, desta vez no âmbito da Lotaria de Verão do Arvores.
:)
Parabéns, boa chuva de livros e boas leituras!
:)
Parabéns, boa chuva de livros e boas leituras!
Olha um GMT! :) a ver se faço as pazes com ele com estas canções...ainda por cima mexicanas! só pode ser bom! :)
Obrigada, conto! É bom ser "sorteada"! :)
Obrigada, conto! É bom ser "sorteada"! :)